Acidente de helicóptero no Douro: Piloto sobrevivente acredita em falha técnica da aeronave e quer voltar a voar
Luís Filipe Rebelo, o piloto que sobreviveu à tragédia no rio Douro, onde morreram cinco militares da GNR, manifestou aos seus familiares, amigos e colegas a intenção de voltar a pilotar, após o grave acidente que ocorreu no final de agosto. Atualmente internado no Hospital de Vila Real, o piloto, de 44 anos, mantém-se firme na convicção de que não foi responsável pelo desastre, atribuindo a causa a uma falha técnica no helicóptero que comandava.
Segundo informações recolhidas pelo Correio da Manhã, Luís Rebelo tem partilhado com os que o visitam, incluindo militares da GNR, que o acidente não está relacionado com a manobra que fez para desviar de uma ave, que terá avistado “muito antes”. De acordo com o piloto, “minutos depois” de realizar o desvio, os comandos do helicóptero deixaram de responder, o que originou uma descida descontrolada e o impacto violento no rio Douro, a uma velocidade de cerca de 185 km/h.
A brutalidade do embate terá causado a morte instantânea dos cinco militares da GNR que seguiam a bordo. Luís Rebelo, por sua vez, acredita que sobreviveu graças ao capacete integral que usava. Depois de ser projetado para fora da aeronave, conseguiu libertar-se dos cintos de segurança no fundo do rio, a uma profundidade de cerca de seis metros, e emergiu à superfície. Foi então resgatado por populares, embora com ferimentos graves, nomeadamente nos tornozelos, que já foram alvo de intervenções cirúrgicas.
O advogado de Luís Rebelo, Albano Cunha, reforça a tese de uma falha técnica no helicóptero como a causa do acidente. “O meu cliente afirma que os comandos ficaram presos, e agora aguardamos que a investigação esclareça o porquê”, declarou o advogado. Albano Cunha fez também um apelo a uma “investigação isenta e imparcial”, a fim de que todas as circunstâncias do acidente sejam esclarecidas.
O acidente ocorreu na sexta-feira, 30 de agosto, quando o helicóptero AS350B3 Écureuil, operado pela empresa HTA Helicópteros, regressava ao Centro de Meios Aéreos de Armamar, em Viseu, após uma operação de combate a incêndios no concelho de Baião, Porto. A bordo seguiam seis ocupantes, incluindo Luís Rebelo e cinco militares da Unidade de Emergência, Proteção e Socorro (UEPS) da GNR. O helicóptero despenhou-se no rio Douro, na zona de Lamego, provocando a morte dos militares.
O Ministério Público (MP) já abriu um inquérito para apurar as causas da queda do helicóptero, que será conduzido pela 1.ª Secção de Lamego do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Viseu, como confirmado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em comunicado à agência Lusa.
Em paralelo, o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) está também a investigar o acidente. Numa nota informativa divulgada na terça-feira, este organismo indica que o piloto afirmou ter avistado “uma ave de médio porte” na trajetória do helicóptero durante o voo de regresso à base, obrigando-o a realizar uma manobra de desvio. Contudo, até ao momento, a investigação não conseguiu determinar o ponto exato onde essa manobra foi executada.
A investigação preliminar do GPIAAF relata ainda que o helicóptero iniciou “uma descida constante” durante o voo, sobrevoando a margem sul do rio Douro em direção a Peso da Régua, até colidir com a superfície da água às 11:32, a uma velocidade de cerca de 185 km/h. “As evidências sugerem que o motor da aeronave estava a produzir potência no momento da colisão”, indica o relatório, sublinhando que, durante o impacto, o piloto e um outro ocupante foram projetados para fora do helicóptero.
Desde o acidente, Luís Filipe Rebelo já foi submetido a múltiplas cirurgias, principalmente aos tornozelos, e está a receber apoio psicológico, providenciado pela Polícia Marítima. A recuperação física e emocional do piloto está a ser acompanhada de perto pelas autoridades e pelos seus familiares.