
A pausa de 90 dias nas tarifas imposta por Trump trouxe vencedores e derrotados no mercado: quem mais ganhou com a decisão?
A pausa de 90 dias nas tarifas impostas pelo presidente Donald Trump foi sentida no mundo todo e nos mercados financeiros, com algumas partes interessadas a sair-se melhor do que outras. Recorde-se que na tarde desta quarta-feira o presidente americano suspendeu abruptamente as tarifas, horas depois da entrada em vigor.
Antes da sua revogação, as ações caíram durante dias devido à volatilidade provocada pelas tarifas: no entanto, o ‘volte-face’ de Trump fez rapidamente as ações dispararem. O S&P 500 teve seu maior ganho diário desde 2008, com 9%, enquanto o Dow Jones subiu quase 3.000 pontos e o Nasdaq avançou 12%.
Alguns líderes empresariais reagiram com alívio à medida, mas nem todos saíram ilesos. A China foi atingida por tarifas ainda maiores, que, segundo Trump, se devem às tarifas retaliatórias que o país impôs aos EUA.
Ou seja, há vencedores e derrotados pela decisão de Trump, frisou a publicação ‘Business Insider’. Quem?
Vencedores
Companhias aéreas e outras empresas de viagens
As empresas de viagens registaram alguns dos maiores ganhos do mercado desta quarta-feira, com as ações da United Airlines a subirem 26% e as da Delta Air Lines 23%. As empresas de cruzeiros também se saíram bem, com a Norwegian Cruise Line Holdings a crescer 19% e a Carnival Corp 18%. O Expedia Group também subiu 18% no dia.
“Não foram apenas as companhias aéreas. Todas as marcas de viagens realmente saíram vitoriosas em Wall Street”, disse Amir Eylon, presidente e CEO da Longwoods International, consultora de pesquisa de mercado de turismo. Segundo Elylon, os dois principais problemas enfrentados pelas empresas de viagens com as tarifas foram o aumento dos custos com fornecedores de itens como peças dos aviões, abastecimentos para hotéis e materiais de construção, bem como o medo de que o aumento dos preços em toda a economia pudesse enfraquecer os gastos com viagens.
Empresas de semicondutores
Intel, Nvidia e várias outras empresas de semicondutores estiveram entre as maiores vencedoras em termos de aumentos no preço das ações. Tanto a Intel quanto a Nvidia tiveram alta de cerca de 18%. Embora os semicondutores, ou chips, estivessem isentos de tarifas. “Não sabemos exatamente o que fazer com tudo isso”, escreveram os analistas da Bernstein. “A maioria dos semicondutores entra nos EUA dentro de outros produtos sobre os quais as tarifas provavelmente terão uma influência muito maior, portanto, os efeitos secundários provavelmente serão muito mais relevantes.”
Tesla e Elon Musk
As ações da Tesla subiram 22% esta quarta-feira, provavelmente um alívio bem-vindo para uma empresa que vem enfrentando fortes reações negativas e queda no preço das ações há meses.
O CEO da Tesla, Elon Musk, também saiu vitorioso, em parte devido à alta do preço das ações. De acordo com o Índice Bloomberg de Bilionários, o seu património líquido aumentou para 326 mil milhões de dólares, ante 290 mil milhões do fecho do mercado no dia anterior, o menor valor desde novembro.
Derrotados
China
Ao contrário de outros parceiros comerciais dos EUA, a China foi excluída da suspensão das tarifas. Além disso, Trump afirmou que aumentaria a alíquota da tarifa sobre a China devido às tarifas retaliatórias do país. A nova alíquota total para importações da China era de 125%.
Como Meagan Martin-Schoenberger, economista sênior e especialista em comércio da KPMG, e alguns outros economistas observaram, o aumento de tarifas para a China na verdade aumenta a taxa tarifária efetiva.
Amazon
Embora o preço das ações da Amazon tenha subido cerca de 12% esta quarta-feira, as pesadas tarifas sobre a China podem significar problemas para o retalhista on-line, porque muitos dos produtos que vende, diretamente ou por meio de vendedores terceiros, vêm do país aisático.