
“A NATO ficou mais forte com as minhas ações”, afirma Trump ao lado de Rutte. Presidente dos EUA espera que Rússia “faça o correto”
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reuniu-se esta quinta-feira com o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, na Casa Branca, num encontro considerado crucial para o futuro da aliança militar. Durante a reunião, Trump voltou a criticar os aliados europeus pelo nível de investimento na defesa, ao mesmo tempo que se referiu ao cessar-fogo na Ucrânia, indicando que recebeu “boas notícias” da Rússia.
Na abertura da conversa com Rutte, Trump insistiu que a NATO se tornou “muito mais forte” devido às suas ações enquanto presidente dos EUA. A declaração surge num momento de tensão entre Washington e os aliados da aliança militar, devido às críticas reiteradas do republicano sobre o financiamento da organização.
Rutte, por sua vez, deu os parabéns a Trump pelas negociações para um cessar-fogo na Ucrânia, tema que dominou parte das discussões. O secretário-geral da NATO tem-se empenhado em garantir a relevância do bloco de defesa coletiva, especialmente num momento em que Trump tem ameaçado rever o compromisso dos EUA com a aliança.
Durante a reunião, Trump revelou estar a acompanhar de perto os desenvolvimentos da guerra na Ucrânia, tendo declarado que espera que a Rússia “faça a coisa certa”. A afirmação surge pouco depois de Vladimir Putin admitir aceitar, em princípio, um cessar-fogo de 30 dias, desde que os termos do acordo sejam discutidos com os Estados Unidos.
A Ucrânia já concordou com a suspensão temporária dos combates, mas o compromisso do Kremlin ainda carece de garantias adicionais. Steve Witkoff, enviado especial da administração Trump para o conflito, encontra-se em negociações diretas com Moscovo para consolidar os termos do cessar-fogo.
Além do conflito no Leste Europeu, outro tema central das conversações foi o financiamento da NATO.
Trump pressiona aliados da NATO por aumento de investimento militar
O presidente dos EUA tem sido um dos maiores críticos da atual estrutura de financiamento da NATO, defendendo que os países membros deveriam aumentar a sua contribuição para a defesa coletiva. O atual compromisso dos aliados da NATO estabelece um investimento mínimo de 2% do PIB em defesa, mas Trump quer elevar essa fasquia para 5%, argumentando que os EUA suportam uma carga desproporcional.
“Os Estados Unidos gastam quase 1 bilião de dólares em defesa, enquanto a Europa depende de nós”, afirmou Trump recentemente. O republicano sublinha que os EUA possuem, sozinhos, mais aviões de transporte pesado do que toda a Europa, tornando o bloco excessivamente dependente da capacidade militar americana.
Na semana passada, Trump levantou dúvidas sobre o compromisso da NATO na defesa dos EUA, afirmando que não interviria em caso de ataque a países que não contribuam adequadamente para a aliança.
“Se vocês não vão pagar, nós não vamos defender… Se vocês não pagam as suas contas, nós não os vamos defender”, disse o presidente em declarações na Sala Oval.
Contudo, a ideia de que os Estados Unidos financiam unilateralmente a NATO não corresponde inteiramente aos factos. Em 2024, o orçamento da aliança militar foi de 5 mil milhões de dólares, dos quais Washington contribuiu com 16%, o mesmo valor atribuído pela Alemanha. Outras potências europeias, como o Reino Unido e França, contribuíram com 10% cada, enquanto a Itália forneceu 8%.
Europa ajusta estratégia militar face às declarações de Trump
A postura de Trump em relação à NATO e à guerra na Ucrânia tem levado a Europa a reconsiderar a sua política de defesa, preparando-se para fortalecer a sua capacidade militar independentemente da aliança.
Desde que assumiu o cargo, Trump tem classificado o conflito no Leste Europeu como uma “guerra por procuração”, defendendo que se trata de um problema europeu e que os EUA gastam demasiado dinheiro na NATO.
Pera esta retórica, os países europeus começaram a reforçar as suas forças armadas, temendo que uma eventual retração dos EUA na NATO os deixe mais vulneráveis a uma possível agressão russa.