A ‘maldição’ dos aliados de Putin: Desde o início da guerra, pelo menos 11 oligarcas russos morreram em circunstâncias misteriosas

A guerra da Rússia contra a Ucrânia começou a 24 de fevereiro, e ao longo dos já mais de 200 dias de conflito pelo menos 11 milionários russos e pessoas de poder e influência política morreram em circunstâncias consideradas, no mínimo, estranhas. Apesar de não haver qualquer confirmação oficial do envolvimento dos serviços de segurança russos, vários observadores não afastam a possibilidade de os incidentes terem contado com a mão do Kremlin.

Um deles é Ivan Pechorin, dirigente da Corporação para o Desenvolvimento do Extremo Oriente e do Ártico. Foi encontrado sem vida, no dia 12 de setembro, em Vladivostok, depois de, alegadamente, ter caído do seu luxoso iate e de se ter afogado no Cabo de Ignatiev, no Mar do Japão.

Ivan Pechorin
Fonte: Twitter / WhereisRussiaToday

Pechorin estaria responsável pelo programa de modernização da indústria da aviação da Rússia e trabalhar diretamente com o Presidente russo Vladimir Putin.

No início deste ano, Igor Nosov, diretor-geral da mesma empresa, morreu de ataque cardíaco, depois de ter assumido a liderança em maio de 2021.

Nos primeiros dias de setembro, Ravil Maganov, presidente da administração da maior petrolífera privada da Rússia, a Lukoil, foi comunicado como morto. A imprensa russa avançou que o empresário teria acidentalmente caído da janela do hospital onde estava internado.

Ravil Maganov
Fonte: Twitter / OSINT News

A Lukoil, contudo, emitiu um comunicado sucinto, e parco em detalhes, a informar que Maganov morrera devido a “doença grave” no dia 1 de setembro.

Alguns relatos apontam que terá tropeçado enquanto fumava à janela, tendo sido encontrado um maço de cigarros junto ao corpo.

Aleksander Subbotin, um gestor de topo, foi encontrado morto, em maio, na cave de uma casa num subúrbio de Moscovo, que pertenceria a um curandeiro conhecido como Xamã Magua, que praticava rituais de purificação.

Aleksander Subbotin
Fonte: Twitter

O curandeiro confirmou, segundo relatos, que Subbotin foi até sua casa alcoolizado e sob o efeito de drogas e exigiu-lhe que desempenhasse um ritual para curá-lo dos efeitos da ressaca.

Análise preliminares apontam que a morte se deveu a uma falha cardíaca.

No campo dos oligarcas com posições anti-guerra, contam-se oito, tendo em comum grandes fortunas, ligações aos círculos do poder no Kremlin e ao gás.

Na manhã de 25 de fevereiro, um dia após o início da invasão russa da Ucrânia, Aleksander Tyulyakov, executivo de topo da divisão de Segurança Corporativa da Gazprom, a gigante russa do gás sob controlo do Kremlin e, mais especificamente, de Putin, foi encontrado morto na sua casa em São Petersburgo. A imprensa aponta que terá sido encontrado enforcado na sua garagem.

Aleksander Tyulyakov
Fonte: Twitter / Sergej Sumlenny

A morte de Tyulyakov aconteceu cerca de um mês depois de outro executivo da Gazprom, Leonid Shulman, ter sido encontrado sem vida em casa com os pulsos cortados, na mesma cidade russa.

No dia 28 de fevereiro, foi a vez de Mikhail Watford, um peso-pesado da indústria da energia, ser encontrado morto na sua casa no Surrey, no Reino Unido, onde vivia com a sua família e construiu um império imobiliário.

Mikhail Watford

A sua morte foi considerada suicídio por enforcamento, e as autoridades britânicas consideraram que não foi possível apurar com certeza as causas do óbito.

O milionário russo mudou o seu nome de Tolstosheya para Watford quando se mudou para o Reino Unido em 2000.

Em março deste ano, os cadáveres do multimilionário Vasily Melnikov e da sua família foram encontrados no seu apartamento de luxo em Nijni Novgorod, no oeste da Rússia.

Vasily Melnikov
Fonte: Twitter / News in Support of Ukraine

As informações divulgadas dão conta de que as quatro pessoas foram esfaqueadas até à morte. A versão oficial indica que Melnikov terá assassinado a sua família e depois cometido suicídio, com a qual os vizinhos e outros familiares descordam.

O oligarca construiu a sua fortuna numa empresa do setor da Saúde que foi alvo das sanções lançadas pelos países ocidentais no âmbito da guerra contra a Ucrânia.

Sergei Protosenya, bem como a sua mulher e filha, foram encontrados mortos a 19 de abril, na região de Lloret de Mar, em Espanha. O magnata foi líder da Novatek, gigante russa do gás, e tinha uma fortuna avaliada em 400 milhões de euros.

Sergei Protosenya
Fonte: Twitter / The Life News

O oligarca ter-se-á enforcado, ao passo que as outras duas vítimas foram esfaqueadas fatalmente. O filho sobrevivente e outros familiares recusam a tese oficial de suicídio e denunciam que as mortes foram obra de assassinos profissionais.

O caso ainda estará a ser investigado pela polícia catalã.

Um dia antes, em Moscovo, o oligarca Vladislav Avayev, a sua mulher e a sua filha de 13 anos foram encontrados sem vida num apartamento em Moscovo, pela filha sobrevivente de 26 anos.

Vladislav Avayev
Fonte: Twitter / Free Ukraine

Uma vez mais, a versão oficial foi de que Avayev, antigo conselheiro de Putin e ex-vice-presidente do terceiro maior banco da Rússia, o Gazprombank, terá assassinado a mulher e a filha e depois cometido suicídio.

Em maio, foi a vez de Andrei Krukovsky, diretor do resort de luxo em Sochi, Krasnaya Polyana, propriedade da Gazprom, ter morrido, alegadamente por ter caído de um penhasco durante uma caminhada.

Dois meses depois, Yuri Voronov, CEO da empresa de logística e transportes AstraShipping, terá cometido suicídio, depois de ter sido encontrada uma arma de fogo junto ao seu cadáver, descoberto em São Petersburgo.

Yuri Voronov

O mais recente homem influente a morrer em circunstâncias suspeitas na Rússia foi Vladimir Nikolayevich Sungorkin, editor-chefe do jornal estatal russo ‘Komsomolskaya Pravda’ e aliado de Vladimir Putin.

Apesar de não ser uma oligarca, não deixa de ser uma figura de proa do aparelho de Estado russo, considerando que o jornal era uma importante plataforma de propaganda usada pelo Kremlin para disseminar a sua narrativa oficial e para controlar os fluxos de informação que chegam à população russa.

Sungorkin, de 68 anos, terá sofrido, na passada 4ª feira, um “acidente vascular cerebral” durante uma viagem de negócios

Ler Mais





Comentários
Loading...