
85% das empresas relacionam cibersegurança com melhores resultados, aponta estudo da Deloitte
A grande maioria das empresas está a intensificar os esforços de cibersegurança, associando diretamente à melhoria dos resultados comerciais. De acordo com um estudo da Deloitte, 85% das organizações esperam alcançar os seus objetivos estratégicos graças ao aumento das suas iniciativas de proteção cibernética.
O Global Future of Cyber Survey 2024, que envolveu cerca de 1200 líderes empresariais de organizações das Américas, EMEA (Europa, Médio Oriente e África) e APAC (Ásia-Pacífico), revela que 86% das empresas estão a implementar ações para reforçar a cibersegurança em grau moderado ou elevado, numa clara demonstração da crescente importância desta área nas prioridades estratégicas.
Na Península Ibérica, os dados acompanham a tendência global: entre as 51 empresas portuguesas e espanholas inquiridas, 88% promovem formações anuais de sensibilização em cibersegurança dirigidas a todos os colaboradores, 82% atuam de forma proativa na mitigação de vulnerabilidades e 78% têm planos estratégicos definidos para o futuro da cibersegurança. Além disso, 88% integram preocupações com a privacidade nas fases iniciais de desenvolvimento de produtos ou serviços.
De acordo com Frederico Macias, Partner da Deloitte, “a cibersegurança é atualmente um critério essecial para que as organizações sejam entendidas como confiáveis e, por isso, é necessário redobrar os esforços para reduzir e mitigar o crescente risco de um potencial ataque cibernético. A globalização da economia obriga a uma maior preparação para este tipo de ataques e a própria regulação, como é o caso da NIS2, mostram que há planos a serem desenvolvidos para implementar as medidas adequadas. Pelas conclusões deste estudo, vemos que as organizações vão continuar a investir em estratégias de prevenção, o que no longo prazo poderá evitar situações de crise”.
Os riscos continuam a ser uma preocupação central para os líderes empresariais. Este ano, a perda de confiança na integridade tecnológica surge como a principal ameaça identificada, seguida das perturbações operacionais, perdas reputacionais e dificuldades no recrutamento e retenção de talento. Em Portugal e Espanha, 51% das empresas reportaram entre seis e dez violações de cibersegurança no último ano.
A resposta das organizações passa também por um aumento do investimento: 57% planeiam reforçar os seus orçamentos de cibersegurança nos próximos 12 a 24 meses, e 58% esperam integrar estes custos noutros programas estratégicos, como a transformação digital e os investimentos em cloud. A inteligência artificial está a ganhar protagonismo, com 39% dos inquiridos a recorrer a esta tecnologia para melhorar a deteção e resposta a ameaças — embora 34% manifestem preocupação com os riscos da própria IA.
O papel do Chief Information Security Officer (CISO) está igualmente a tornar-se mais relevante. Um terço das empresas afirma que o envolvimento deste responsável nas decisões estratégicas aumentou significativamente no último ano. Ainda assim, subsistem desafios ao nível da confiança: apenas 34% dos profissionais da área confiam plenamente na capacidade das lideranças para gerir as questões de cibersegurança, face a 52% dos líderes empresariais.