Nemo é o primeiro vencedor da Eurovisão não binário e agora quer que Suíça reconheça o terceiro género

Após o triunfo na Eurovisão, de forma surpreendente, o jovem de 24 anos respondeu a uma questão sobre a quem telefonaria primeiro após o triunfo para indicar Beat Jans, ministro da Justiça na Suíça

Francisco Laranjeira
Maio 16, 2024
16:41

Nemo Mettler, que venceu o Festival da Eurovisão para a Suíça no passado fim de semana, tornou-se o primeiro vencedor a identificar-se como não binária. Agora, o artista tem outra meta: convencer as autoridades suíças a permitir designações não binárias em documentos oficiais.

“Na Suíça não há entrada para o terceiro género. E acho que isso é absolutamente inaceitável”, refere o artista, depois de ser coroado o vencedor do 68º concurso de música da Eurovisão. “Precisamos de alterar aquilo.”

Após o triunfo na Eurovisão, de forma surpreendente, o jovem de 24 anos respondeu a uma questão sobre a quem telefonaria primeiro após o triunfo para indicar Beat Jans, ministro da Justiça na Suíça.

“Precisamos de ter representação também na nossa política”, diz Nemo, acrescentando que esperava agendar uma ligação com o ministro para falar sobre os direitos das pessoas que se identificam como não binárias. “É muito importante que as pessoas se sintam vistas.”

Esta quarta-feira, um porta-voz de Beat Jans refere que o ministro manifestou vontade de se encontrarem. “No domingo, Jans tentou entrar em contacto com Nemo por telefone e também mandou uma mensagem para o cantor para parabenizar e confirmar a sua intenção após um encontro. Ambos os lados estão atualmente a procurar uma data adequada”, destaca o porta-voz.

Há cerca de 18 meses, o governo suíço rejeitou propostas para introduzir uma opção de terceiro género ou sem género nos registos oficiais, argumentando que o modelo binário de género continuava a estar “fortemente ancorado” na sociedade suíça. “Atualmente não existem pré-condições sociais para a introdução de um terceiro género ou para uma dispensa geral da inscrição do género no registo civil”, refere o Conselho Federal do Governo.

Vários países já reconhecem pessoas que se identificam como não binárias em documentos oficiais, incluindo a Alemanha, que em 2018 começou a permitir o registo de pessoas como “diversificadas”, e a Austrália, que permite às pessoas escolher entre masculino, feminino e indeterminado nos passaportes.

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