Enquanto, na Rússia, a exportação de armas está em redução, devido aos efeitos da guerra na Ucrânia e às necessidades de Moscovo nas fretes de batalha, França ganha tração neste mercado e, com relatos de supostos negócios milionários para vender armamento francês à Índia e Qatar, o país pode mesmo passar a ocupar o segundo lugar russo de segundo maior exportador de armamento do mundo, apenas atrás dos EUA.
No Dia da Bastilha deste ano, Emmanuel Macron tinha a companhia do primeiro-ministro indiano, Narenda Modi, e a Força Aérea Indiana também participou nas celebrações e demonstrações, fazendo voos em caças Dassault Rafale.
Não foi uma surpresa se se contextualizar que no dia antes, Nova Deli tinha dado aprovação inicial a uma ‘encomenda’ de seis submarinos franceses Scorpène e 26 caças Rafale para a Marinha Indiana.
Logo dois dias depois, novos negócios: segundo o La Tribune, o Qatar está a pensar acrescentar mais 24 caças franceses Rafales à sua frota
Só entre 2018 e 2022, o peso de França no comércio global de armas aumentou para 11%, em comparação com os 7,1% registados nos quatro anos antes. No mesmo período, a participação russa no comércio internacional de armas caiu de 22 para 16%, indica um relatório do Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI).
O padrão verificado deverá continuar, e ainda antes dos pedidos da Índia, as mudanças de mercado já mostravam que França estava a obter ganhos da exportação de armas, perante as perdas da Rússia.
“Para França, temos um total de 210 aviões de combate já encomendados, e para a Rússia apenas 14”, aponta à France 24 o autor do relatório do SIPRI, Pieter Wezeman, que indica a possibilidade dos números mudarem, mas apesar disso considera que “França continuará a ser um grande exportador de armas”.
As sanções internacionais também têm dificultado a via à Rússia neste aspeto, que deixou de ter alguns materiais necessários para a produção de armamento em quantidades que lhes permitam responder às necessidades na frente da guerra na Ucrânia e exportar armamento para outros países.
Também os parceiros da Rússia parecem descontentes, e agora viram-se para outros países. É o caso da Índia, que agora recorre ao ‘concorrente’ francês.
“A Índia não está particularmente feliz com o que tem recebido [de armamento], em termos técnicos, vindo da Rússia. Desde que começou a guerra, a Índia tem também tentado manter a relutância em aumentar ou manter relações militares de alto-nível” com Moscovo, explica Wezeman.
Por outro lado, a Rússia continua a ter ‘ monopólio’ de exportação de armas para África, países como o Irão ou a China.
Com outros fornecedores ‘concorrentes’ em crescimento, como a Coreia do Sul, o especialista aponta que, mesmo assim, a possibilidade de França ascender ao segundo lugar na lista dos maiores exportadores de armas do mundo é “mesmo muito real”. “Pode acontecer já em 2024, 2025 ou 2026, que França igual ou supere as exportações de armamento que são feitas pela Rússia”, termina.













