Naufrágio de iate de luxo na Sicília: Autoridades italianas e inglesas investigam suspeitas de homicídio involuntário

Esta investigação envolverá não apenas as autoridades italianas da Guarda Costeira, devido ao naufrágio ter ocorrido nas suas águas, mas também autoridades britânicas, dado que o iate estava registado no Reino Unido e vários dos passageiros eram britânicos.

Pedro Gonçalves
Agosto 23, 2024
18:42

As autoridades italianas estão a investigar o naufrágio do iate “Bayesian”, propriedade do magnata britânico da tecnologia Mike Lynch, que resultou na morte de seis pessoas ao largo da costa da Sicília. Segundo os meios de comunicação italianos, o inquérito inclui suspeitas de homicídio involuntário e naufrágio, um procedimento habitual em casos de elevada complexidade como este.

Fontes próximas da investigação revelaram que o Ministério Público de Palermo abriu um processo para apurar as causas exatas do acidente. Esta investigação envolverá não apenas as autoridades italianas da Guarda Costeira, devido ao naufrágio ter ocorrido nas suas águas, mas também autoridades britânicas, dado que o iate estava registado no Reino Unido e vários dos passageiros eram britânicos.

James Wilkes, um investigador marítimo consultado pela Sky News, sublinhou a necessidade de “diplomacia” na condução deste tipo de inquéritos, que envolve múltiplos países. “As autoridades italianas estão a liderar a investigação como estado costeiro, enquanto as autoridades britânicas, como o MAIB (Marine Accident Investigation Branch), estão envolvidas como o estado de bandeira,” explicou. “Será necessário um elevado nível de cooperação entre os dois países, mantendo a privacidade das investigações até que estejam reunidas todas as informações necessárias.”

O iate “Bayesian”, um luxuoso veleiro de 56 metros construído pelo estaleiro italiano Perini Navi, afundou-se rapidamente na madrugada de segunda-feira após ser atingido por uma tromba-d’água. Entre as vítimas mortais estão o próprio Mike Lynch, a sua filha Hannah, de 18 anos, o presidente do Morgan Stanley International, Jonathan Bloomer, e a sua esposa Judy, bem como o advogado de Lynch, Chris Morvillo, e a sua mulher Neda. O corpo de Hannah Lynch foi o último a ser recuperado, já esta sexta-feira, completando assim a trágica contagem das vítimas.

As autoridades italianas interrogaram o comandante do iate, James Catfield, durante cerca de duas horas, na tentativa de compreender como o “Bayesian” se afundou em questão de minutos. A velocidade do naufrágio, aliada ao facto de outras embarcações nas proximidades não terem sido afetadas, levantou suspeitas sobre a condição do iate no momento do acidente. Uma das questões centrais é se a quilha, que serve de contrapeso ao mastro, estava baixada ou levantada, um fator crucial na estabilidade do veleiro.

Giovanni Costantino, diretor executivo do The Italian Sea Group, que detém a Perini Navi, declarou à agência AP que “superiates como o ‘Bayesian’ são concebidos para serem inafundáveis”. No entanto, admitiu a possibilidade de o iate ter sofrido danos que comprometeram a sua flutuabilidade, sugerindo que o casco pode ter sido perfurado, permitindo a entrada de água.

As investigações continuarão nos próximos meses, com a prioridade inicial a recair sobre a recuperação dos corpos, seguida de uma análise meticulosa das causas do acidente. As autoridades italianas deverão realizar uma conferência de imprensa em breve para fornecer mais detalhes sobre o progresso do inquérito.

Partilhar

Edição Impressa

Assinar

Newsletter

Subscreva e receba todas as novidades.

A sua informação está protegida. Leia a nossa política de privacidade.