“Não falem dos drones ucranianos”: media russos relatam preços históricos dos combustíveis e filas de quilómetros para abastecer

Os preços exorbitantes nas bombas e as filas de quilómetros de carros estão a ser documentados exaustivamente pelos media locais, embora nunca mencionando o motivo: os drones ucranianos que repetidamente penetram o espaço aéreo russo e incendeiam refinarias de petróleo no oeste da Rússia

Francisco Laranjeira
Setembro 19, 2025
15:02

O bombardeamento implacável de drones da Ucrânia contra a indústria de petróleo e gás da Rússia reduziu profundamente a produção de combustíveis no setor retalhista, o que provocou escassez na cadeia de abastecimentos e até mesmo postos de combustível vazios, o que tem irritado os condutores russos.

Os preços exorbitantes nas bombas e as filas de quilómetros de carros estão a ser documentados exaustivamente pelos media locais, embora nunca mencionando o motivo: os drones ucranianos que repetidamente penetram o espaço aéreo russo e incendeiam refinarias de petróleo no oeste da Rússia.

As agências militares, de inteligência e de operações especiais da Ucrânia assumiram formalmente a responsabilidade pelos ataques contra 12 grandes refinarias russas desde o lançamento da campanha de bombardeamentos de Kiev contra a produção de energia e gás da Rússia, no final de julho último. Os danos causados ​​por explosões e incêndios reduziram a capacidade de processamento de petróleo da Federação Russa entre 17% e 25%, segundo analistas do setor.

Segundo uma estimativa do ‘Kyiv Post’, o total de ataques de drones de longo alcance da Ucrânia contra alvos da indústria energética russa, até esta sexta-feira, seja de pelo menos 21 a refinarias de petróleo russas desde 1 de agosto, com algumas instalações a terem sido atingidas duas ou até três vezes. De acordo com esses dados, drones ucranianos realizaram grandes ataques e danificaram outras infraestruturas da indústria energética, como estações de bombeamento de petróleo, plantas químicas e terminais de navios petroleiros pelo menos sete vezes.

No entanto, não estão a ser relatados problemas de combustíveis nas regiões mais ricas e politicamente importantes para Putin, como Moscovo e São Petersburgo, mas fora destes centros, nos 11 fusos horários da Rússia, encontrar combustível tem sido cada vez mais complicado.

Segundo relatos da imprensa, a escassez e as interrupções foram mais graves na costa do Pacífico, no leste e centro da Sibéria, nas regiões sudoeste de Rostov e Krasnodar, ao longo do centro e baixo rio Volga e até mesmo nas Ilhas Curilas, próximas ao Japão, bem como no enclave de Kaliningrado, entre a Lituânia e a Polónia.

Adjacente às linhas de combate e a uma importante base militar russa, a Crimeia e a sua infraestrutura de combustível e transporte são atingidas por drones, bombas, artilharia ou mísseis ucranianos quase diariamente. Um comunicado divulgado na passada terça-feira pelo Ministério de Combustíveis e Energia da República da Crimeia, no entanto, não mencionou a guerra.

Em vez disso, a declaração das autoridades russas indicou disse que os postos de combustível vazios e as enormes filas de automóveis eram devido à “procura atual, à distância significativa entre esses postos de gasolina e os depósitos de petróleo das empresas comerciais, bem como às restrições temporárias nas rotas de entrega logística”.

Na semana de 12 a 19 de setembro, enquanto os preços dos combustíveis disparavam para níveis recordes e as redes sociais russas e notícias locais confirmavam incidentes pontuais de filas de automóveis com quilómetros de extensão e postos de combustível vazios, a agência de notícias estatal russa ‘TASS’ relatou que a indústria energética da Rússia estava em boa forma e as perspetivas para a produção de petróleo e combustível eram positivas.

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