Economia: Quem venceu e quem perdeu em 2020?

A atual crise provocada pela covid-19 faz com que as economias internacionais corram agora a duas velocidades rumo à recuperação financeira – mediante sejam países desenvolvidos ou em desenvolvimento – e num contexto em que a China é a grande vencedora, com um crescimento de 2,1%, por oposição aos 73 países em desenvolvimento que ficaram ainda mais pobres.

Nas empresas, os gigantes digitais e serviços online foram os que recuperaram mais rapidamente. O petróleo assinalou em 2020 a maior variação de preços da sua História.

Estados: China, a única a crescer em 2021

Até ao final do ano de 2020, o FMI (Fundo Monetário Internacional) previu uma contração de 4,4% na economia global. A China destaca-se como a única grande economia a ter crescido – ainda que apenas 2,1% – neste ano. Segundo o Centro de Pesquisa Económica e Empresarial do Reino Unido, a China poderá mesmo retirar aos EUA o título de maior economia do mundo em 2028 – ainda antes do que era esperado.

Até ao final do próximo ano, as economias dos países desenvolvidos deverão ser 4,7% menores do que o esperado antes da pandemia, enquanto as economias emergentes serão atingidas por quebra de 8,1%. A longo prazo, isso traduz-se numa redução no crescimento de 3,5% nas economias desenvolvidas e 5,5% nas economias em desenvolvimento, adianta o jornal Arab News.

Face ao golpe que a covid-19 infligiu nas economias em desenvolvimento – as mais afetadas por esta crise -, o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e o G20 lançaram uma Iniciativa de Suspensão do serviço da dívida para os 73 países mais pobres do mundo, 46 ​​dos quais aproveitaram a oportunidade até agora.

 

Mercados Financeiros: A Europa fica para trás

Quando a pandemia dominou o mundo, os mercados globais de ações reagiram fortemente. O S&P 500 (índice financeiro que lista as maiores ações – por valor – cotadas nas bolsas americanas) caiu cerca de 28% e o Nasdaq (índice com mais de 3 mil ações, sobretudo ações dos gigantes da tecnologia, como Facebook, Apple e Google) caiu 23,5%. Este cenário foi repetido nas bolsas de todo o mundo, devido ao encerramento das fronteiras.

Face a este panorama, os Estados e Organizações internacionais reagiram, através de injeções massivas de fundos como nunca foi visto antes. O Banco Central Europeu aprovou um Plano de Recuperação que vai distribuir pelos Estados-membros os valores previstos na bazuca europeia.

O balanço patrimonial da Federal Reserve cresceu de 3,9 triliões de dólares (€3,17 biliões) para quase 7 triliões de dólares (€5,70 biliões), com a ajuda de oito programas separados. O Congresso dos EUA aprovou 2,2 triliões de dólares (€1,79 biliões) no primeiro semestre do ano e mais 900 mil milhões de dólares (€732,51 mil milhões) que foram ratificados por Donald Trump a 27 de dezembro.

O Japão arrecadou ao todo mais de 3 triliões de dólares (€2,44 biliões) entre medidas fiscais e fundos do Banco do Japão. A China, onde o vírus teve origem, arrecadou cerca de 500 biliões de dólares (€406,95 mil milhões), uma vez que a sua economia emergiu relativamente incólume da pandemia no final do ano.

Esta injeção de liquidez permitiu que os mercados de ações disparassem. O S&P 500, o Nasdaq e até o Dow Jones acabaram por atingir recordes históricos – o primeiro valorizando em 58,4% desde março e o segundo em 85,5%. O Shanghai Composite e o Nikkei 225 também recuperaram das baixas de março ainda que de forma não linear – apenas os europeus ficaram para trás. Houve uma “financeirização” da economia e o desempenho do mercado de ações foi aparentemente dissociado das taxas de crescimento económico negativas nas principais economias da OCDE.

 

Empresas: Gigantes digitais no topo da lista

Em matéria empresarial, os economistas afirmam que se assiste a uma recuperação económica em forma de K, ou seja, se por um lado existem empresas e bolsas de valores que beneficiam de novas formas de fazer negócio, como trabalhar em casa e fazer pedidos de bens e serviços pela internet, há outras que sofreram uma queda profunda das suas receitas.

Os líderes no desempenho do mercado de ações foram os FAANG (Facebook, Amazon, Apple, Netflix e Google). Outros vencedores foram Alibaba, Ant Group, Tencent, Nividia e PayPal.

Perto do final do ano, a grande tecnologia passou por um escrutínio regulatório cada vez maior em ambos os lados dos oceanos Atlântico e Pacífico. A maior queda para o setor foi provavelmente quando a oferta pública inicial de listagem dupla do Ant Group, nas bolsas de valores de Hong Kong e Xangai, foi interrompida pelas autoridades chinesas.

Os setores mais afetados globalmente foram hotelaria, restauração, comércio e aviação. A Associação Internacional de Transporte Aéreo espera que as viagens aéreas não retornem aos níveis anteriores à pandemia até 2024.

 

Petróleo – Histórica variação de preços

O petróleo sofreu uma variação de preços nunca antes vista. O West Texas Intermediate (WTI) caiu para menos de 40,32 dólares (€32,80) por barril em meados de abril. A OPEP – um consórcio dos estados membros da Organização das Economias Exportadoras de Petróleo – e os seus 10 aliados reagiram à descida dos preços, impondo cortes históricos de produção para 9,7 milhões de barris por dia (bpd), que ao longo do tempo foram reduzidos aos atuais 7,2 milhões de bpd.

Embora o preço do petróleo tenha subido para um nível mais confortável de $48-$52 (€39-€42) por barriI, isso não seria possível sem o escrutínio atento e a reação rápida da OPEP. Nesse sentido, a decisão do grupo de agendar reuniões ministeriais mensais para se ajustar à evolução do mercado foi decisiva. A situação melhorou nos mercados de petróleo, mas a verdade é que estes ainda se encontram longe de estar fora de perigo.

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