Metade dos jovens empregados em Portugal ainda vive com os pais

Em Portugal, está a assistir-se a um aumento significativo no número de jovens empregados que vivem com os pais, refletindo uma tendência observada em toda a União Europeia. Entre 2017 e 2022, a proporção de jovens trabalhadores portugueses que residem com os pais aumentou de 41% para 52%, de acordo com a Eurofound, a agência da UE dedicada à melhoria das condições de vida e de trabalho.

André Manuel Mendes
Maio 21, 2024
10:44

Em Portugal, está a assistir-se a um aumento significativo no número de jovens empregados que vivem com os pais, refletindo uma tendência observada em toda a União Europeia. Entre 2017 e 2022, a proporção de jovens trabalhadores portugueses que residem com os pais aumentou de 41% para 52%, de acordo com a Eurofound, a agência da UE dedicada à melhoria das condições de vida e de trabalho.

Este aumento está ligado à crise habitacional e ao aumento do custo de vida, que foram exponenciados pela pandemia de Covid-19. As dificuldades económicas e a falta de habitação acessível forçam muitos jovens a adiarem a independência.

Mas Portugal não está sozinho nesta tendência. Outros países europeus, como Espanha e Itália, também registaram aumentos significativos.

Os aumentos dos custos de vida e habitação na Zona Euro têm dificultado a independência financeira dos jovens. Entre 2010 e 2022, os preços dos imóveis subiram 47%, segundo um relatório do Eurostat. Este contexto tem levado muitos jovens portugueses a continuarem a viver com os pais, uma situação que afeta o bem-estar emocional e a sensação de autonomia.

O relatório da Eurofound destaca que metade dos jovens que vivem com os pais desejam sair de casa dentro de um ano, mas apenas 28% estão a planear isso. A permanência na casa dos pais pode proporcionar segurança financeira, mas também está associada a sentimentos de exclusão social e bem-estar mental reduzido.

As discrepâncias entre os países da UE sobre jovens que vivem com os pais também refletem diferenças culturais e níveis variados de apoio governamental. Em muitos países do sul e do leste da Europa, os laços familiares são fortes e o apoio governamental é baixo, enquanto nos países nórdicos é comum os jovens deixarem a casa dos pais aos 18 anos, incentivados tanto pelos pais quanto pelo Estado.

Eszter Sándor, principal autora do relatório, explicou que em Portugal e outros países do sul da Europa, é comum que os jovens permaneçam em casa dos pais por necessidade ou para poupar dinheiro para um futuro crédito habitação.

Enquanto o emprego jovem recuperou para níveis pré-crise de 2007, a precariedade no trabalho e o aumento do custo de vida continuam a ser obstáculos significativos.

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