Médio Oriente: MNE alemão e PM italiana avisam Israel de que está a ficar isolado

O ministro dos Negócios Estrangeiros alemão lançou hoje um alerta a Israel, avisando-o de que está cada vez mais isolado diplomaticamente face às suas responsabilidades no desastre humanitário em Gaza e às ameaças de anexação da Cisjordânia.

Executive Digest com Lusa
Julho 31, 2025
13:10

O ministro dos Negócios Estrangeiros alemão lançou hoje um alerta a Israel, avisando-o de que está cada vez mais isolado diplomaticamente face às suas responsabilidades no desastre humanitário em Gaza e às ameaças de anexação da Cisjordânia.

“A recente conferência da ONU em Nova Iorque mostrou que Israel está cada vez mais numa posição minoritária”, disse Johann Wadephul, referindo-se à reunião de segunda e terça-feira em que muitos países apelaram ao reconhecimento de um Estado palestiniano.

“Perante ameaças abertas de anexação por parte de certos setores do Governo israelita, um número crescente de países, incluindo europeus, está pronto para reconhecer um Estado palestiniano sem um processo prévio de negociação”, sublinhou Wadephul, que hoje viaja para Telavive, onde fará uma visita de dois dias.

O ministro reiterou a posição de Berlim de que “o reconhecimento de um Estado palestiniano deve acontecer no final de um processo” de negociações, mas sublinhou que o processo “tem de começar já”.

Apoiante acérrimo de Israel devido à sua responsabilidade no Holocausto, o Governo de Berlim tem condenado cada vez mais a guerra em Gaza e a situação na Cisjordânia, pressionado também pelas críticas internas ao Governo do chanceler Friedrich Merz por continuar a entregar armas a Israel.

Já na quarta-feira, Israel tinha recebido um aviso semelhante da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.

Numa conversa telefónica, Meloni disse ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que a situação em Gaza se tornou insustentável, informou o seu gabinete.

“A presidente [do Conselho de Ministros, Giorgia] Meloni insistiu na necessidade de serem cessadas de imediato as hostilidades, dada a situação em Gaza, que, sublinhou, é insustentável e injustificável”, referiu o gabinete, em comunicado.

Tanto Wadephul – que também deverá viajar para Ramallah, na Cisjordânia – como Meloni instaram também o Governo israelita a permitir um maior acesso de comboios humanitários para abastecer a Faixa de Gaza, assolada pela fome.

“Só por transporte terrestre é que os mantimentos humanitários chegarão à população em quantidades suficientes”, disse o diplomata alemão.

Na quarta-feira, a Alemanha enviou dois aviões de transporte militar para a Cisjordânia para lançar ajuda humanitária em Gaza.

Também a primeira-ministra italiana pediu a Netanyahu que garanta “o acesso humanitário pleno e irrestrito à população civil”, reafirmando que a Itália vai participar na iniciativa ‘Alimentos para Gaza’, acolhendo pelo menos 50 civis palestinianos e organizando entregas de ajuda humanitária à população de Gaza.

Após mais de 21 meses de guerra em Gaza, a expansão dos colonatos israelitas na Cisjordânia e as tentativas das autoridades israelitas de anexar o território ocupado, a criação de um Estado palestiniano está a ganhar força.

Três países do G7 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo) — França, Reino Unido e Canadá — sinalizaram, esta semana, a sua intenção de reconhecer o Estado palestiniano em setembro.

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