Medidas para apoiar jovens a comprar casa podem “gerar um efeito perverso”, alertam especialistas

O Governo anunciou novas medidas para estimular a procura no setor imobiliário, visando auxiliar os jovens na compra da primeira casa. No entanto, especialistas alertam que essa abordagem pode resultar em uma “subida dos preços das casas”.

Executive Digest com Lusa
Maio 24, 2024
9:50

O Governo anunciou novas medidas para estimular a procura no setor imobiliário, visando auxiliar os jovens na compra da primeira casa. No entanto, especialistas alertam que essa abordagem pode resultar em uma “subida dos preços das casas”.

À ‘CNN Portugal’, Paulo Caiado, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), expressou ceticismo sobre a eficácia dessas medidas, destacando que o aumento da procura, sem uma oferta adequada, inevitavelmente elevará os preços dos imóveis.

As medidas incluem uma garantia pública do Estado para facilitar a obtenção de crédito e a isenção de Imposto Municipal sobre Transmissões (IMT). Apesar da intenção de ajudar os jovens, Vera Gouveia Barros, economista especializada em habitação, considera que essas medidas podem gerar um “efeito perverso”. Com a oferta de imóveis já limitada, o aumento da procura poderá pressionar ainda mais os preços para cima, agravando a situação atual do mercado imobiliário em Portugal.

Paulo Caiado afirma que a oferta insuficiente é o principal fator responsável pelos preços elevados. As novas medidas, que pretendem aumentar a procura, podem, portanto, ter um impacto contrário ao desejado, exacerbando a crise de acessibilidade habitacional para os jovens.

Há também preocupações sobre a eficácia e a justiça das medidas. Segundo dados do INE, três em cada quatro jovens entre 18 e 35 anos ganham até 1.000 euros líquidos por mês, o que levanta dúvidas sobre a capacidade desses jovens de se beneficiarem dos novos apoios. Além disso, a isenção de IMT pode simplesmente ser incorporada pelos proprietários nos preços de venda, resultando em perda de receita fiscal sem beneficiar diretamente os compradores.

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