Um paciente que deu entrada nas urgências do Hospital de Vila Franca de Xira, no sábado à tarde, acusa o médico que o atendeu de ter errado o diagnóstico enquanto acompanhava, no telemóvel, o jogo de futebol entre o Manchester United e o Chelsea, a contar para o campeonato inglês. O caso foi denunciado pelo neuropsicólogo Paulo Sargento, familiar do doente, que classificou o episódio como “inadmissível”, acrescentando que a falta de resposta adequada no Serviço Nacional de Saúde (SNS) obrigou o paciente a recorrer a um hospital privado.
O doente apresentava dor aguda no ombro direito, tinha sofrido um acidente vascular cerebral (AVC) há cerca de duas semanas e contava com sete cirurgias anteriores ao ombro esquerdo devido a artrite. Após a triagem, foi-lhe atribuída a pulseira amarela e, algum tempo depois, acabou observado pelo médico que, segundo a denúncia, estava concentrado no jogo de futebol. O clínico mandou realizar uma radiografia e prescreveu analgésicos. De acordo com Paulo Sargento, “nada foi detetado, pelo que o utente teve alta pouco tempo depois”, sem indicação para avaliação por ortopedia, apesar do historial clínico.
A dor, no entanto, voltou a intensificar-se poucas horas depois, obrigando o paciente a procurar novamente ajuda médica. Desta vez, recorreu ao Hospital da Luz, em Lisboa, onde foi observado por um ortopedista. O diagnóstico confirmou síndrome de capsulite adesiva, vulgarmente designada por “ombro congelado”, uma patologia caracterizada por dor e rigidez na articulação, que afeta entre 2% e 5% da população, sobretudo entre os 40 e os 60 anos. “A resposta médica só foi possível após um custo de 790 euros”, lamentou Paulo Sargento ao Correio da Manhã.
Perante as críticas, a Unidade Local de Saúde do Estuário do Tejo emitiu um esclarecimento, defendendo que o atendimento hospitalar seguiu “as melhores normas clínicas” para o quadro apresentado. A instituição destacou que o procedimento adotado — radiografia para excluir situações que exigissem intervenção imediata e administração de analgésicos — está de acordo com as orientações em contexto de urgência. Acrescentou ainda que “os doentes são igualmente aconselhados a recorrer a um especialista”, sublinhando que o diagnóstico definitivo da patologia mencionada é da responsabilidade de médicos ortopedistas e exige exames complementares.














