Marcelo pede aos portugueses: «Passeiem, fiquem e programem as férias em Portugal»

Marcelo Rebelo de Sousa, que falava numa visita à Torre de Belém, em Lisboa, desafiou os cidadãos «conhecerem o que é fundamental no património no nosso país, que os estrangeiros visitam, e nós, de repente, damos conta de que não conhecemos, nem visitamos há muitos, muitos anos, o que é imperdoável».

Ana Rita Rebelo
Maio 18, 2020
15:34

O Presidente da República lançou esta segunda-feira um apelo aos portugueses para que «passeiem, fiquem e programem as férias em Portugal».

Marcelo Rebelo de Sousa, que falava numa visita à Torre de Belém, em Lisboa, onde esta manhã entraram 50 pessoas, começou por desafiar os cidadãos a «conhecerem o que é fundamental no património no nosso país, que os estrangeiros visitam, e nós, de repente, damos conta de que não conhecemos, nem visitamos há muitos, muitos anos, o que é imperdoável».

«Aproveitem para fazer turismo cultural. (…) Visitar, trazer os mais novos a visitarem e a regressarem àquilo que foram visitas do passado e, de alguma maneira, redescobrir o encanto do nosso país», apelou, salientando que o património cultural português é «riquíssimo».

O chefe de Estado compreende, contudo, os portugueses que «ainda têm algum receio» nestes «primeiros passos de desconfinamento». Mas com «cuidado, cautela, prevenção e protecção devem sair».

«Nós estamos a correr uma maratona. Não sei se os portugueses têm a noção que, como recordou o senhor primeiro-ministro termina em 2022. E uma primeira parte é uma maratona de saúde e agora também, por pequenos passos, a uma maior normalização da vida social. Depois, haverá uma segunda parte da maratona: económica e social», realçou. Na primeira parte da «maratona», prosseguiu, «ganhámos os primeiros cinco quilómetros e não há dúvida de que correram francamente bem. Agora, estamos nos segundos cinco quilómetros até Junho e daí até Julho».

Das informações que tem sobre as escolas, Marcelo diz que «são boas». «Houve muitos pais, alunos e professores que perceberam e isso significa que, em diversas escolas, houve um clima diferente, com precauções e cuidados diferentes. (…) O passo inicial foi dado e agora é preciso dar no comércio, restauração, nas visitas aos museus e monumentos e é isso que vai ser testado nas próximas duas semanas», disse.

«Defendo que abertura sim, mas com cuidado», ressalvou ainda, dizendo aos portugueses que «com pequenos passos e todas as cautelas não deixem de ir entrando, aos poucos, numa maior normalidade da vida social. Hoje é o primeiro dia».

Aos jornalistas ali presentes, Marcelo admitiu que «corremos um risco». «Portugal é dos primeiros países da Europa a abrir, com muito cuidado e olhando para os números permanentemente,  mas dos primeiros» e «é preciso que todos possamos dar exemplos», disse, aludindo ao facto de o primeiro-ministro, António Costa, ter ido tomar o pequeno-almoço ao Califa, em Lisboa, nesta segunda-feira, marcando a reabertura de restaurantes, cafés e pastelarias com lotação a 50%.

«Os portugueses têm de sentir confiança nos passos que dão e todos nós temos de contribuir para essa confiança para que a economia – e nela o turismo interno é muito importante – possa dar um salto durante este Verão», afirmou, sublinhando que essa «será uma sensibilidade que todos aprenderemos a exercitar». «Mas compreendo que sejam passos cuidadosos e pequenos aqueles que vão sendo dados durante este mês de Maio», reafirmou.

Mais à frente, Marcelo lembrou que «estamos todos a aprender fazendo» com esta pandemia, assim «como todos os países». «A diferença foi entre aqueles que souberam perceber as lições dos outros e tomaram precauções e decisões a tempo e outros que não foram tão felizes, por circunstâncias várias», afirmou.

Quanto a Portugal, «soubemos tirar as lições, decidir e o povo português foi excepcional. Isso é conhecido por todo o mundo».

Questionado sobre o pagamento dos reembolsos do IRS, Marcelo lembrou que «haveria uma aceleração». No entanto, «estamos em vésperas de um conselho europeu muito importante que decidirá acerca do fundo de resolução, que é umas três peças do tripé dos financiamentos europeus aos Estados-membros», sublinhou, convicto de que a vontade do Governo português é «injectar dinheiro na economia».

«Tenho a sensação que estamos no bom caminho, porque o montante para que se aponta é significativo e as condições da utilização de cada Estado-membro não irão agravar a dívida pública», adiantou. E, se assim for, «são duas boas notícias».

Portugal regista mais 13 vítimas mortais (+1,1%) associadas à Covid-19, num total de 1231 óbitos, e 29.209 infectados, mais 173 (+ 0,6%) do que no domingo, revela o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde, divulgado esta segunda-feira.

O país entrou no dia 3 de Maio em situação de calamidade devido à pandemia de Covid-19, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de Março. Esta nova fase prevê o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância activa, o dever geral de recolhimento domiciliário e o uso obrigatório de máscaras ou viseiras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.

Segundo um balanço da agência de notícias “France-Presse”, a partir de dados oficiais, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 313.500 vítimas mortais e infectou mais de 4,6 milhões de pessoas em 196 países e territórios. Mais de 1,6 milhões de doentes foram considerados curados pelas autoridades de saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detectado no final de Dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

*Notícia actualizada às 16:33

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