Mapa criado com imagens de satélite revela pontos críticos no planeta desfasados com os padrões climáticos anuais

Em várias regiões do planeta, o ritmo natural das plantas e dos ecossistemas não coincide com o calendário climático estabelecido

Francisco Laranjeira
Outubro 12, 2025
15:30

As estações do ano não se limitam à tradicional sequência de primavera, verão, outono e inverno. Um novo estudo internacional, citado pelo site ‘Tempo.pt’, revelou que a Terra apresenta ciclos sazonais ocultos, visíveis apenas através de imagens de satélite e de longo acompanhamento ecológico. Em várias regiões do planeta, o ritmo natural das plantas e dos ecossistemas não coincide com o calendário climático estabelecido.

A equipa de investigadores, liderada pela agência australiana CSIRO e pela Universidade da Califórnia em Berkeley, analisou duas décadas de observações por satélite para mapear as flutuações sazonais da vegetação. O resultado mostrou que, em zonas como os trópicos e as regiões mediterrânicas, os ciclos de crescimento e floração das plantas seguem padrões próprios, independentes do que é considerado primavera ou verão.

As cinco regiões climáticas mediterrânicas do mundo — entre elas o sul da Europa, Califórnia, Chile, África do Sul e sul da Austrália — exibem um duplo pico de atividade biológica. Ou seja, há dois períodos de crescimento máximo ao longo do ano, com desfasamentos médios de até dois meses face ao calendário convencional.

Em Portugal, sobretudo a sul da Serra da Estrela, estas variações tornam-se mais evidentes. As plantas reagem mais à humidade do solo e à precipitação irregular do que às mudanças de temperatura, o que explica a floração precoce em alguns anos e tardia noutros.

Consequências na agricultura e na ecologia

Esta descoberta tem implicações diretas em áreas como a agricultura, a gestão florestal e a conservação ambiental. Em termos práticos, compreender os ciclos reais de crescimento permite ajustar calendários de sementeira e colheita, melhorando a eficiência produtiva e evitando perdas por falta de sincronização com o clima local.

Os cientistas alertaram ainda para os impactos ecológicos: várias espécies animais dependem da disponibilidade de flores, frutos ou folhas novas para se alimentarem ou reproduzirem. Se as plantas alterarem o seu ciclo sazonal, essas cadeias biológicas podem ficar dessincronizadas, afetando o equilíbrio dos ecossistemas.

Os autores sublinharam que estas assincronias sazonais não anulam o conceito das quatro estações, mas mostram que a natureza funciona com maior diversidade temporal do que o modelo simplificado usado nos livros escolares. Cada ecossistema tem o seu próprio ritmo, determinado por fatores como altitude, humidade e padrões de precipitação.

Este novo mapa sazonal ajuda a compreender melhor as respostas biológicas às alterações climáticas, oferecendo dados valiosos para prever como as florestas e as culturas agrícolas se adaptarão às variações de temperatura e chuva nas próximas décadas.

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