
Mais de 50 países comprometem-se a proteger 30% das terras e oceanos do planeta
A High Ambition Coalition (HAC) for Nature and People, uma coligação de mais de 50 países de seis continentes, comprometeu-se a proteger quase um terço do planeta até 2030 para travar a destruição do mundo natural e a extinção da vida selvagem. Na cimeira “One Planet” em Paris, esta segunda-feira, organizada pelo presidente francês Emmanuel Macron, a coligação comprometeu-se a proteger, pelo menos, 30% das terras e oceanos do planeta.
As atividades humanas estão a conduzir à sexta extinção em massa da vida na Terra, de acordo os cientistas, e a produção agrícola, a exploração mineira e a poluição estão a ameaçar o funcionamento saudável dos ecossistemas que sustentam a vida, cruciais para a civilização humana.
No anúncio, segundo o The Guardian, a High Ambition Coalition disse que proteger pelo menos 30% do planeta para a natureza até ao final da década era crucial para evitar a extinção em massa de plantas e animais, bem como assegurar a produção natural de ar e água limpos.
O compromisso será, provavelmente, o objetivo principal do Acordo de Paris para a Natureza que será negociado na Cop15 em Kunming, na China, no final deste ano. A HAC espera que os primeiros compromissos de países como a Colômbia, Costa Rica, Nigéria, Paquistão, Japão e o Canadá garantissem a base do acordo da Organização das Nações Unidas (ONU).
A secretária-executiva da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica, Elizabeth Maruma Mrema, saudou o compromisso, mas advertiu: “Uma coisa é comprometer-se, outra bem diferente é cumprir. Mas quando nos comprometemos, temos de cumprir. E, com esforços concertados, podemos coletivamente cumprir”, sublinhou, citada pelo The Guardian.
O anúncio na cimeira “One Planet” foi recebido com ceticismo por parte de alguns ativistas. Greta Thunberg, por exemplo, escreveu na rede social Twitter: “Em direto da cimeira One Planet em Paris: Bla bla natureza, bla bla importante, bla bla ambição, bla bla bla investimentos verdes (…)”.
LIVE from #OnePlanetSummit in Paris:
Bla bla nature
Bla bla important
Bla bla ambitious
Bla bla green investments
Bla bla great opportunity
Bla bla green growth
Bla bla net zero
Bla bla step up our game
Bla bla hope
Bla bla bla…**locking in decades of further destruction https://t.co/veGb4T7kmr
— Greta Thunberg (@GretaThunberg) January 11, 2021
Apesar do apoio de vários países ao objetivo, muitos ativistas indígenas afirmaram que o aumento das áreas protegidas para a natureza poderia resultar em apropriação de terras e violações dos direitos humanos. O anúncio pode também beneficiar alguns países em desenvolvimento que estão interessados em compromissos ambiciosos em matéria de finanças e desenvolvimento sustentável, como parte do acordo de Kunming, e não apenas de conservação.
A Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica cobre, essencialmente, três questões: a utilização sustentável da natureza, a partilha dos benefícios dos recursos genéticos, e a conservação. Os três pilares do tratado podem entrar em conflito entre si e os países mais ricos e desenvolvidos têm sido acusados de se concentrarem demasiado na conservação, fornecendo financiamento às nações mais pobres para cumprirem os restantes objetivos.
A Coligação de Alta Ambição, atualmente co-presidida pela França, Costa Rica e Reino Unido, foi formada em 2011, num esforço para encorajar uma ação internacional ambiciosa sobre a crise climática antes do acordo de Paris. Ao promover ações sobre a perda de biodiversidade, espera-se que os primeiros compromissos da HAC assegurem um acordo bem sucedido para a natureza.