“A guerra está a chegar à Rússia”, alertou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na sequência de um ataque de drones que danificou dois prédios de escritórios num bairro de Moscovo. Na passada terça-feira, um novo ataque de drones – o segundo em três dias – abalou um bairro comercial de Moscovo, especificamente um prédio que abriga três ministérios do Governo russo.
A Rússia acusou a Ucrânia de estar por trás do “ataque terrorista”: Kiev respondeu que Moscovo deve acostumar-se com mais ataques de drones “e mais guerra”.
O antigo presidente russo, Dmitry Medvedev, avisou Zelensky, numa publicação na rede social ‘Telegram’, que, após o ataque terrorista, “não há mais opções a não ser a eliminação física de Zelensky”. O aviso lembrou as várias tentativas de assassinato do líder ucraniano, que, desde os primeiros momentos do conflito, sofreu mais de uma dezena de tentativas de mercenários de grupos de elite relacionados com Moscovo.
Zelensky negou-se sempre a abandonar a Ucrânia desde o início da invasão, a 24 de fevereiro de 2022. Mas todos os cuidados são poucos: com o histórico de mortes misteriosas de inimigos do Kremlin na última década, a equipa do presidente ucraniano mantém a sua programação no mais estrito sigilo, incluindo viagens ao exterior – os cuidados estendem-se aos jornalistas e outros funcionários da sua equipa.
O presidente ucraniano garantiu sempre que não se podia dar ao luxo de ter medo: de acordo com o jornal ‘POLITICO’, as autoridades ucranianas estão preparadas para o pior. Zelensky, em entrevista à ‘CNN’, referiu que “se estivesse constantemente a pensar nisso, simplesmente desligaria, assim como Putin faz agora, sem sair do seu bunker. Os meus guarda-costas devem pensar em como evitar que isso aconteça, é a tarefa deles. Eu não penso nisso”.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, reconheceu no ano passado que “os ucranianos têm planos sobre os quais não vou falar”, garantindo que haverá “a continuidade de Governo, de uma forma ou outra”. Nos termos da Constituição da Ucrânia, a linha de sucessão é clara: “Quando o presidente não pode cumprir as suas funções, o presidente da Verkhovna Rada da Ucrânia (o Parlamento ucraniano) assume as suas funções.”
O presidente da Verkhovna Rada, Ruslan Stefanchuk, membro do partido do Governo, não tem um índice de confiança particularmente alto nas sondagens. “É cerca de 40%, menos da metade de Zelensky. E não é popular com a oposição.”
Não seria a primeira vez. Em 2014, com a revolta de Maidan, os protestos que culminaram com a fuga do presidente Viktor Yanukovych, as funções foram assumidas pelo chefe da Rada.
Do lado russo, o Kremlin também alegou que Kiev, com o apoio de Washington, tentou repetidamente assassinar o presidente russo, Vladimir Putin. De qualquer forma, de acordo com o ‘POLITICO’, o assassinato de um líder de uma democracia não implica ‘per se’ a desestabilização do país, ao contrário do potencial impacto em ditaduras ou regimes fortemente autoritários.














