Jovem de 20 anos executado em público no Irão por assassinar advogado

No Irão, execuções públicas são relativamente raras, já que a maioria dos condenados à morte são executados dentro das prisões. Contudo, este caso foi uma exceção, levando à execução do jovem num espaço público, o que chamou a atenção internacional para as práticas judiciais do país.

Pedro Gonçalves
Agosto 26, 2024
15:38

Esta segunda-feira, as autoridades iranianas executaram publicamente um jovem de 20 anos, condenado à pena de morte pelo assassinato de um advogado na cidade de Shahrud, localizada na província norte de Semnan. O crime ocorreu em 2021, e a execução foi realizada na manhã de segunda-feira, conforme anunciado por Mohammad Sadegh Akbari, chefe do Tribunal Supremo da província de Semnan, através da agência de notícias Tasnim.

O jovem, cujo nome não foi divulgado pelas autoridades, foi condenado à pena capital após ter confessado, durante os interrogatórios, que foi contratado para matar Mahmoudreza Jafar Aghaei, um advogado de renome, em agosto de 2021. Segundo os relatos, o assassinato ocorreu em frente à casa da vítima, onde o agressor disparou uma espingarda contra Aghaei antes de fugir no seu automóvel. O acusado conseguiu escapar durante mais de um ano, até ser identificado e detido em setembro de 2023, nas proximidades de Teerão, sendo posteriormente transferido para Shahrud para enfrentar o julgamento.

Durante o processo judicial, as autoridades tentaram mediar uma reconciliação entre a família da vítima e o condenado, no intuito de evitar a execução. No entanto, estes esforços não foram bem-sucedidos, resultando na aplicação da sentença máxima.

No Irão, execuções públicas são relativamente raras, já que a maioria dos condenados à morte são executados dentro das prisões. Contudo, este caso foi uma exceção, levando à execução do jovem num espaço público, o que chamou a atenção internacional para as práticas judiciais do país.

De acordo com dados das Nações Unidas, mais de 345 pessoas foram executadas no Irão desde o início do ano, sendo 87 dessas execuções realizadas após as eleições presidenciais de 5 de julho, nas quais o reformista Masud Pezeshkian saiu vencedor. Este número coloca o Irão numa posição destacada em termos de aplicação da pena de morte, com a Amnistia Internacional a reportar que o país foi responsável por 74% de todas as execuções registadas globalmente em 2023, num total de 853 penas de morte aplicadas. Destas, 481 execuções estavam relacionadas com crimes ligados ao tráfico de drogas.

A elevada taxa de execuções no Irão continua a ser motivo de preocupação para várias organizações de direitos humanos, que apelam à reforma do sistema judicial do país e à abolição da pena de morte.

Partilhar

Edição Impressa

Assinar

Newsletter

Subscreva e receba todas as novidades.

A sua informação está protegida. Leia a nossa política de privacidade.