Irão: Queda de helicóptero que matou presidente deveu-se a “falha técnica”, afirma TV estatal

A agência de notícias estatal iraniana, assim como os canais de televisão controlados pelo regime, anunciaram esta segunda-feira, citando comunicado oficial das autoridades, que as primeiras investigações à queda de helicóptero que vitimou, entre outros, o presidente do Irão Ebrahim Raisi, indicam que o acidente teve origem numa “falha técnica”.

Pedro Gonçalves
Maio 20, 2024
18:35

A agência de notícias estatal iraniana IRNA, assim como os canais de televisão controlados pelo regime, anunciaram esta segunda-feira, citando comunicado oficial das autoridades, que as primeiras investigações à queda de helicóptero que vitimou, entre outros, o presidente do Irão Ebrahim Raisi, indicam que o acidente teve origem numa “falha técnica”.

Apesar das informações avançadas pelos media estatais, são acrescentados relatos de ex-responsáveis do país, que apontam culpas aos EUA pelo incidente, acusando Washington de ser indiretamente responsável, ao aplicar sanções ao país que o impediram de adquirir novas aeronaves e peças sobressalentes a países ocidentais.

“Uma das causas deste doloroso incidente são os Estados Unidos, que ao sancionarem a venda da indústria aeronáutica ao Irão causaram o martírio do presidente e dos seus companheiros. Este crime dos Estados Unidos permanecerá gravado nas mentes do povo iraniano e na história”, declarou Mohammad Javad Zarif, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão numa declaração recolhida pela IRNA.

Segundo os meios de comunicação do regime, Raisi e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Hossein Amir Abdollahian, viajavam num helicóptero Bell 212, um modelo desenvolvido para os militares canadianos na década de 1960. Este helicóptero, uma versão civil do UH-1N “Twin Huey” usado na Guerra do Vietname, é amplamente utilizado por governos e operadores privados em todo o mundo. No entanto, o helicóptero iraniano acidentado era extremamente antigo e tinha capacidade para 15 pessoas, incluindo a tripulação, de acordo com documentos de certificação.

Desde o início do seu isolamento internacional após a Revolução de 1979, o Irão tem mantido as suas frotas de aviação civil e militar operacionais através de peças contrabandeadas e de engenharia inversa, uma vez que as sanções impedem o acesso de outra forma. “O Irão sofreu muitos acidentes aéreos, não apenas de helicópteros, mas também de aviões, e penso que isto está definitivamente relacionado com as sanções”, afirma Sanam Vakil, especialista em Médio Oriente do grupo de investigação Chatham House, ao New York Times.

A empresa estatal iraniana de manutenção e renovação de helicópteros, conhecida como PANHA, introduziu os seus próprios modelos baseados em aeronaves Bell readaptadas e recondicionadas, embora o Bell 212 não esteja entre eles. “O Irão tem a reputação de possuir uma grande competência técnica na aviação”, acrescenta Paul Hayes, analista da Cirium Ascend, à Reuters.

Devido a ser um voo doméstico, o acidente não se enquadra automaticamente nas regras globais sobre investigação de acidentes aéreos, sendo pouco provável que as autoridades iranianas solicitem ajuda estrangeira para investigar um assunto tão politicamente sensível.

Em 2020, o Irão enviou caixas negras para França após a queda de um avião ucraniano, mas o papel da agência francesa limitou-se a ler os gravadores, sem investigar ou analisar o incidente. “Duvido que haja alguma investigação”, comentou Hayes sobre o tema.

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