Irão condena mulheres sem hijab a prisão, a lavar os mortos num cemitério ou fazer terapia psicológica

Muitas mulheres no Irão que dispensaram o hijab – que é obrigatório desde os 9 anos – estão a ser condenados a prisão ou a punições incomuns, muitas vezes acompanhadas pela obrigação de fazer terapia psicológica por “distúrbios de personalidade antissocial”

Francisco Laranjeira
Julho 25, 2023
10:44

Um tribunal na cidade de Varamin, no Irão, condenou uma mulher a escolher entre a prisão ou um mês a lavar cadáveres no maior cemitério iraniano: o Behesht-e Zahra, na capital Teerão. Em causa está o ‘crime’ de ter conduzido o seu carro sem véu, segundo denunciaram vários órgãos de comunicação social iranianos no exílio. Outro tribunal, em Teerão, condenou uma médica pelo mesmo motivo a limpar, durante 270 horas, o Ministério do Interior se não quisesse passar dois meses na prisão.

Muitas mulheres no Irão que dispensaram o hijab – que é obrigatório desde os 9 anos – estão a ser condenados a prisão ou a punições incomuns, muitas vezes acompanhadas pela obrigação de fazer terapia psicológica por “distúrbios de personalidade antissocial”, cujo único ‘sintoma’ é não cobrir os cabelos: um tribunal criminal em Teerão definiu o não uso do véu como uma “doença mental contagiosa que causa promiscuidade sexual”, sendo que uma arguida foi condenada a dois meses de prisão e pagou seis meses de tratamento psicológico.

As autoridades iranianas intensificaram a repressão contra as muitas mulheres que entram em gestos de desobediência civil – pelo menos 500 pessoas foram mortas por membros das forças de segurança e paramilitares, segundo denunciaram ONGs iranianas no exílio, e mais de 22 mil foram detidas. Sete homens foram enforcados devido a ligações com os protestos – um deles, em público, num guindaste.

Desde 16 de julho que a polícia moral foi destacada novamente para as ruas do Irão para deter as mulheres desafiadoras.

Partilhar

Edição Impressa

Assinar

Newsletter

Subscreva e receba todas as novidades.

A sua informação está protegida. Leia a nossa política de privacidade.