Por João Lúcio, Responsável de Desenvolvimento da Oferta Euromaster
Por mais que os automóveis evoluam, com assistências eletrónicas, sensores de proximidade e travagem autónoma, há um sistema que permanece essencial e igual: os travões. E, no entanto, continuam a ser um dos elementos mais negligenciados.
Muitos condutores só se lembram do sistema de travagem quando algo corre mal, seja um barulho estranho, uma travagem menos eficaz ou um susto inesperado. Esta atitude revela uma tendência preocupante: a de tratar a manutenção como uma resposta a avarias, em vez de uma forma de as evitar. No caso dos travões, este erro pode sair particularmente caro, não só em termos financeiros, mas também em termos de segurança.
A verdade é que os travões dão sinais precoces em caso de falhas. O problema é que demasiadas vezes esses sinais são ignorados pelos condutores. Mudanças subtis na sensibilidade do pedal, ruídos metálicos ou uma distância de travagem ligeiramente maior são frequentemente toleradas até ao momento em que o problema se torna inevitável, e, por vezes, irreversível.
Neste sentido, a Euromaster especialista em manutenção automóvel alerta para três sintomas evidentes que qualquer condutor deve saber reconhecer:
1. Alterações na sensibilidade do pedal: é um indicador frequente da degradação do líquido de travões, um fluido essencial que deve ser substituído periodicamente, normalmente a cada dois anos.
2. Ruídos e vibrações ao travar: é muitas vezes resultado de discos empenados ou gastos, um problema que compromete a eficácia da travagem e o conforto da condução.
3. Maior distância de travagem: um sinal claro de que as pastilhas estão desgastadas ou que o seu material perdeu a capacidade de fricção, muitas vezes por cristalização devido a excesso de calor ou envelhecimento.
A manutenção dos travões não é um luxo: é uma necessidade básica. E, ao contrário do que muitos pensam, não tem uma periodicidade fixa para todos os componentes. Apenas o fluido tem uma substituição recomendada pelo fabricante, tipicamente a cada dois anos, mas as pastilhas e os discos devem ser verificados regularmente, idealmente a cada 20 mil quilómetros, especialmente em veículos sujeitos a uso urbano intenso ou a condução mais agressiva.
Ignorar os travões é subestimar o que pode fazer a diferença entre parar a tempo e sofrer um acidente. No entanto, não se trata apenas de custos, tendo em conta que a substituição das pastilhas ou dos discos não é particularmente dispendiosa quando feita a tempo. No entanto, se a falha chegar ao ponto de comprometer outros sistemas como o ABS ou até os rolamentos, a fatura sobe rapidamente. Tudo isto sem falar possível custo derivado de acidentes que é incomparavelmente mais alto.
Num momento em que tanto se investe em tecnologias de segurança ativa e passiva, deixar que um sistema mecânico tão básico como os travões funcione abaixo do seu potencial é um contrassenso, sobretudo tendo em conta que a segurança começa sempre no essencial.




