O Movimento Vida Justa convocou para esta quarta-feira uma manifestação frente à sede do Conselho de Ministros, em Lisboa, exigindo medidas urgentes para travar a destruição de casas em bairros precários e a adoção de um plano de emergência para a habitação em Portugal.
A mobilização surge em resposta a recentes operações de demolição promovidas pelas câmaras municipais de Loures e da Amadora, ambas lideradas pelo Partido Socialista, e que têm gerado forte contestação social e acusações de falta de respostas estruturais para as populações afetadas.
“Esta manifestação é contra a destruição de casas, os despejos e as mentiras”, lê-se na convocatória publicada nas redes sociais pelo movimento, que defende habitação compatível com os rendimentos das famílias e denuncia uma “política habitacional desumana”.
As ações municipais que motivaram o protesto começaram com uma operação em Loures, onde foram demolidas 55 das 64 construções previstas no bairro do Talude Militar, zona onde viviam 161 pessoas. A operação foi suspensa por decisão judicial, após várias denúncias e apelos por parte de moradores e organizações da sociedade civil.
Já na Amadora, as demolições decorreram na Estrada Militar da Mina de Água, onde oito das 22 construções ilegais previstas já foram deitadas abaixo. Em ambos os casos, os habitantes afetados acusam as autarquias de não apresentarem soluções habitacionais alternativas e de promoverem uma abordagem repressiva num contexto de emergência social agravada pela crise do custo de vida.
O Movimento Vida Justa, que tem vindo a ganhar expressão nacional nos últimos anos, exige agora ao Governo que assuma responsabilidade direta pela situação e crie um programa nacional de resposta à crise habitacional, com medidas imediatas e estruturais para famílias em situação de vulnerabilidade.
“Não é aceitável que, em pleno século XXI, o Estado continue a demolir casas de famílias pobres sem garantir alternativas dignas”, defendeu o movimento em comunicado enviado à imprensa.
O protesto desta quarta-feira acontece num momento em que Portugal enfrenta uma das mais graves crises habitacionais das últimas décadas, com o preço da habitação a atingir máximos históricos nas principais áreas urbanas e milhares de pessoas sem acesso a uma casa compatível com os seus rendimentos.
Organizações como o Vida Justa têm denunciado que a falta de políticas públicas eficazes, aliada à pressão do turismo, da especulação imobiliária e da ausência de arrendamento acessível, está a empurrar populações inteiras para a precariedade habitacional ou mesmo para a rua.
Em resposta a esta realidade, o movimento exige:
- Suspensão imediata de todas as demolições em bairros precários até serem garantidas alternativas de realojamento;
- Elaboração urgente de um plano nacional de emergência habitacional, com habitação pública e rendas ajustadas ao rendimento das famílias;
- Fim dos despejos sem soluções habitacionais;
- Transparência nas decisões das autarquias e acompanhamento social eficaz.
A concentração desta noite em Lisboa, que contará com famílias desalojadas, ativistas, moradores dos bairros afetados e organizações solidárias, pretende colocar a questão habitacional no centro do debate político nacional e exigir respostas concretas ao executivo liderado por Luís Montenegro.














