O ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, destacou hoje em Carcavelos, arredores de Lisboa, as infraestruturas estratégicas como “um ingrediente para a paz”.
O governante, que intervinha no EurAfrican Forum, que decorre desde terça-feira e que termina hoje, considerou que “as infraestruturas desempenham um papel vital no fluxo de trocas comerciais, colmatando o fosso entre diferentes mercados, bens e pessoas”.
A este respeito deu vários exemplos, designadamente a criação de um corredor logístico sustentável, com uma forte componente digital, entre o porto português de Sines e o porto angolano da barra do Dande.
“O objetivo é tirar partido da localização geoestratégica de ambos os portos para impulsionar os fluxos comerciais em setores-chave como a energia (com hidrogénio verde), o agronegócio e as matérias-primas essenciais. Isto contribuirá para confirmar Angola como um dos principais centros logísticos e de serviços do continente africano”, frisou.
Outro exemplo dado por Gomes Cravinho foi o Corredor do Lobito, o qual, destacou, visa acelerar o comércio interno e transfronteiriço, abrangendo não só Angola, mas também a República Democrática do Congo e a Zâmbia.
“Com uma extensão aproximada de 1.300 quilómetros, este corredor permitirá a estes países um maior acesso às rotas comerciais marítimas do Atlântico, facilitará a circulação de bens e materiais, bem como impulsionará o desenvolvimento de setores como a indústria pesada, a agricultura e a exploração mineira”, acrescentou.
Para o chefe da diplomacia portuguesa, “estes projetos são mais do que simplesmente transnacionais”.
“Temos de os ver como formas de integração económica com as redes globais de conectividade e comércio, nomeadamente através do Atlântico e do Mediterrâneo”, destacou.
Outro “ingrediente para a paz” destacado por Gomes Cravinho é o da “conectividade digital”.
“Portugal e a UE têm contribuído ativamente neste domínio, mais uma vez no contexto do ‘Global Gateway’ da UE [União Europeia]. Estou a pensar no ‘EllaLink’, o cabo submarino de 6.000 quilómetros que liga Sines a Fortaleza, via Cabo Verde, proporcionando uma largura de banda fiável e transformando o país lusófono da África Ocidental numa plataforma digital fundamental para a sua região”, detalhou.
Um segundo exemplo dado pelo governante português foi “o sistema de cabos submarinos ‘Medusa’, o mais longo cabo submarino do Mediterrâneo, com 8.700 quilómetros, que ligará o norte de África à UE, incluindo Portugal”.
“De facto, um dos ‘hubs’ do cabo estará localizado aqui, em Carcavelos, a partir do próximo ano. Estes projetos são fundamentais, uma vez que eliminam o fosso digital entre o norte e o sul do Mediterrâneo, bem como entre o leste e o oeste do Atlântico”, frisou.
