O Ministério da Saúde pretende contratar “entre duas e três centenas” de médicos da América Latina para colmatar as carências nos cuidados de saúde primários em regiões onde a falta de clínicos é mais grave – algumas áreas do Alentejo e Lisboa e Vale do Tejo -, indicou esta quarta-feira o jornal ‘Público’: o regime excecional pode durar até 2026, sendo que o ministério sublinhou que “terá um caráter transitório e supletivo à contratação de médicos formados em Portugal”.
A medida não está isenta de polémica: esta quarta-feira, o ministro da Saúde vai ser ouvido na Comissão de Saúde no Parlamento para esclarecer o acordo de contratação com o Estado cubano, que não é o primeiro. Manuel Pizarro, então como secretário de Estado da Saúde, fui buscar médicos a Cuba, Uruguai e Colômbia – em 2008, chegaram 15 médicos uruguaios para o INEM; em 2009, foram contratados 44 médicos cubanos para os centros de saúde mais desfalcados no Alentejo, Ribatejo e Algarve; em 2011, outros 42 clínicos colombianos foram distribuídos em Lisboa e Vale do Tejo e Algarve.
O Conselho de Escolas Médicas Portuguesas (CEMP) já criticou a proposta. “Está a abrir-se uma caixa de Pandora” que não “resolverá problema nenhum”, acusou a presidente do CEMP, Helena Canhão, em declarações ao jornal diário. Também Carlos Cortes, bastonário da Ordem dos Médicos lamentou os “mecanismos que pretendam aligeirar a qualidade da formação”. “Opusemo-nos completamente e elaborámos um parecer, frisando que as avaliação das especialidades tem de ser feita caso a caso, até porque as formações são díspares e as experiências profissionais também”, indicou o responsável. “Não temos nada contra os estrangeiros desde que as qualificações sejam, no mínimo, iguais às dos portugueses”, referiu o bastonário.
