Gouveia e Melo muda tom e regressa à retórica dura após cair a pique nas sondagens

Antigo chefe da Armada abandona tentativa de moderação e retoma discurso frontal e combativo para recuperar terreno na corrida presidencial.

Revista de Imprensa
Julho 25, 2025
10:05

Henrique Gouveia e Melo prepara uma viragem estratégica na sua campanha às presidenciais de janeiro de 2026, após um visível recuo nas sondagens. O candidato, que durante meses liderou destacado a intenção de voto, vê agora os seus principais adversários encurtarem distâncias, o que levou a sua equipa a abandonar a abordagem mais moderada — apelidada internamente de “politicamente correta” — e a retomar o estilo direto e combativo que lhe deu notoriedade pública.

A mudança de tom, segundo o Público, surge na sequência de vários barómetros eleitorais. O mais recente, da Intercampus, colocou Gouveia e Melo em empate técnico com Luís Marques Mendes e António José Seguro. Já a sondagem da Aximage, divulgada pela TVI e CNN Portugal, mantém-no à frente, com 26%, mas regista um declínio em relação a meses anteriores e antecipa a necessidade de uma segunda volta para a sucessão de Marcelo Rebelo de Sousa. Para a candidatura, o sinal é claro: “não há favas contadas” e o discurso precisa de voltar a “falar às pessoas”.

A tentativa de apresentar Gouveia e Melo como um candidato centrista — posicionado “entre o socialismo e a social-democracia”, segundo palavras do próprio — tinha como objetivo afastar o estigma de “militar autoritário” ou de figura associada à extrema-direita. No entanto, segundo fontes ligadas à candidatura, essa estratégia não se traduziu num alargamento da base de apoio e não convenceu o eleitorado nem a comunicação social. “O que funciona é falar com clareza e determinação”, afirmou o candidato numa entrevista ao Sol, recordando que a sua popularidade se deve a ter “voz de comando”.

Na quarta-feira, nas Estoril Talks, Gouveia e Melo deixou já sinais dessa mudança de rumo. “Eu não venho de nenhuma estrutura partidária. Tenho uma visão para unir os portugueses num grande projecto de transformação”, declarou, acrescentando que não quer ocupar Belém apenas por ambição pessoal: “Se esse projecto não existir, eu nem sequer quero ser Presidente. Não estou para passar cinco anos da minha vida a olhar para o ar e a fingir que as coisas estão bem.”

A estratégia mais combativa deverá ser consolidada a partir de setembro, altura em que o candidato considera estar concluída a fase de “normalização” da sua figura pública junto da “bolha mediática”. “É natural que o sistema reaja a um corpo estranho, mas tenho de me habituar. Às vezes essa reacção é um pouco corporativa”, afirmou, citado pela Lusa. A promessa, agora, é focar-se em propostas políticas concretas, afastando-se das mensagens excessivamente cuidadas que marcaram os últimos meses.

Já a piscar o olho a essa nova fase, Gouveia e Melo aproveitou uma intervenção em Sintra, nesta quinta-feira, para defender vigorosamente o Serviço Nacional de Saúde. “Não estou contra o privado, mas o público deve ser a âncora”, sublinhou, defendendo que é crucial preservar o modelo público de saúde, “o único que garante acesso universal e combate efectivo às assimetrias”.

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