A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) inicia hoje uma greve de dois dias, que decidiu manter na semana passada, depois de terem terminado as reuniões com os vários sindicatos do setor e Governo sem que se chegasse a um acordo.
O sindicato espera uma grande adesão à greve, com elevado impacto nas “consultas e cirurgias, nos cuidados primários e nos hospitais”, apesar dos serviços mínimos que serão “escrupulosamente cumpridos”.
Segundo adiantou a presidente desta estrutura sindical, Joana Bordalo e Sá, o Ministério da Saúde tem estado a “tratar os médicos como bolachas numa fábrica”, pelo que este sindicato admite avançar com nova greve já em agosto.
“O Governo tem tratado os médicos do SNS [Serviço Nacional de Saúde], e sobretudo a saúde em Portugal, com enorme falta de respeito (…). Temos greve marcada para a semana [hoje e amanhã] e não excluímos a hipótese de fazer na primeira semana de agosto”, disse a presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá.
“Para a FNAM a valorização do trabalho médico tem de ser baseado no salário base e não em critérios de produtividade. Os médicos e as médicas não são como bolachas numa fábrica”, continuou a responsável.
Caso se confirme a greve, acontecerá na semana da jornada Mundial da Juventude, que decorre em Lisboa na primeira semana de agosto, e que trará o Papa Francisco novamente a Portugal.
Para a FNAM é “inadmissível” que “após 14 meses” o Governo tenha apresentado aos médicos uma proposta de melhoria das condições salariais que, disse a dirigente, “mais parece um rascunho”.
A FNAM também “não admite que os médicos internos, que representam cerca de um terço do SNS, sejam deixados para trás”. “Reivindicamos a sua integração no primeiro grau na carreira médica”, disse Joana Bordalo e Sá.
O Ministério da Saúde agendou na semana passada novas reuniões com os vários sindicatos dos médicos. Hoje é dia de reunir com o Sindicato Independente dos Médicos (que já tem greve marcada para o final do mês de julho), e a FNAM reúne com a tutela a 7 e 11 de julho.
“Foi-nos apresentado apenas um rascunho e esse rascunho não contempla as nossas reivindicações principais. São reivindicações para os médicos, mas acima de tudo reivindicações que vão servir os utentes no SNS. Não nos resta alternativa. Tínhamos esperança de levantar este pré-aviso se efetivamente neste rascunho, que é um acordo de princípios, já estivessem ali contempladas algumas reivindicações. Não estão contempladas e as medidas não salvaguardam os médicos, nem tão pouco os médicos mais jovens “, referiu a presidente da FNAM.
Questionada sobre o que seria preciso para mudar a posição da FNAM, Joana Bordalo e Sá disse que “teriam de ser todos os médicos contemplados com uma real valorização salarial”.
Para além da greve a 25, 26 e 27 de julho, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) marcou também uma greve nacional dos médicos internos, a ocorrer a 16 e 17 de agosto.
Manuel Pizarro não escondeu a surpresa por, mesmo com reuniões marcadas, os vários sindicatos terem avançado com novos anúncios de greves.
“Temos rondas negociais marcadas com os sindicatos, não posso deixar de manifestar alguma estranheza e até alguma tristeza pelo facto de haver greves pré-anunciadas por sindicatos que têm reuniões negociais marcadas”, afirmou o mês passado o ministro da Saúde.
*Com Lusa














