Numa altura em que o próximo ano letivo já começa a ser preparado, os dois principais sindicatos de professores em Portugal — a FENPROF e a FNE — realizam esta sexta-feira conferências de imprensa para apresentar um retrato detalhado dos desafios que marcaram o ano escolar de 2024-2025 e para propor soluções urgentes para problemas estruturais como a falta de professores, a desvalorização da carreira docente e as precárias condições de trabalho nas escolas.
A FENPROF (Federação Nacional dos Professores) escolheu a sua sede nacional, em Lisboa, para divulgar, às 11h00, um conjunto de dados sobre a escassez de docentes nas escolas portuguesas. A federação sindical pretende expor a gravidade da situação, denunciando aquilo que considera ser a “incapacidade do governo em apresentar respostas eficazes”, e apresentar propostas concretas para atrair jovens para a profissão e travar a saída precoce de profissionais do sistema de ensino.
A conferência acontece no seguimento de reuniões agendadas para quinta-feira com os grupos parlamentares do PSD (15h00), do CDS (16h30) e do PS (17h30), nas quais a FENPROF discutirá a sua posição relativamente às intenções do Governo de rever os decretos-lei n.º 51/2024 e 57-A/2024. “Esta conferência visa contribuir para um debate público sério sobre a escassez de docentes, as suas causas e os caminhos que não podem continuar a ser adiados”, sublinhou a FENPROF em comunicado.
Os secretários-gerais Francisco Gonçalves e José Feliciano Costa estarão presentes, acompanhados pelos responsáveis sindicais das áreas dos concursos e colocações, para esclarecer os números recolhidos e explicar as medidas que consideram imprescindíveis para estabilizar a profissão.
FNE divulga resultados de consulta nacional a mais de quatro mil docentes
À mesma hora, no Porto, a FNE (Federação Nacional da Educação) apresenta, no auditório do Sindicato dos Professores da Zona Norte, os resultados da Consulta Nacional “Sobre a Carreira Docente e as Condições de Exercício Profissional, no termo do ano letivo 2024/2025”, realizada entre 13 e 27 de junho. No inquérito participaram 4.638 professores e educadores, que avaliaram as condições em que decorreu o ano letivo em quatro dimensões: carreira e condições de trabalho; novas ferramentas digitais e ensino; formação contínua; e indisciplina em contexto escolar.
Segundo a FNE, o ano escolar foi marcado por “desafios significativos”, com impactos negativos tanto no processo de ensino-aprendizagem como no plano profissional e económico dos docentes. Ainda assim, a federação destaca “a resiliência e o empenho dos professores e de todos os trabalhadores de apoio educativo”, cuja dedicação foi decisiva para assegurar uma educação de qualidade.
A federação sindical não esconde a sua apreensão com o que considera ser uma “previsível repetição”, no início do próximo ano letivo, dos problemas estruturais já identificados e denunciados em anos anteriores. Entre os principais alertas estão a falta de medidas eficazes e atempadas por parte do Governo e a persistência de fragilidades no sistema educativo.
A FNE reforça que está disponível para “negociações sérias e construtivas” com vista à valorização das carreiras docentes, à melhoria das condições de trabalho e à garantia da qualidade do serviço público de educação. A conferência de imprensa servirá ainda para divulgar o plano de ações sindicais que a federação desenvolverá a partir do início do ano letivo de 2025-2026.














