O secretário de Estado americano, Marco Rubio, enfrenta uma delicada manobra diplomática na Europa Oriental, ao equilibrar um firme compromisso com a NATO contra a agressão russa e, simultaneamente, defender uma controversa isenção energética para a Hungria, país aliado de Moscovo.
A situação ocorre num contexto de crescentes incursões russas, incluindo violações de espaço aéreo por drones e caças em países como Polónia, Roménia, Lituânia, Bélgica, Estónia e Dinamarca.
De acordo com o ‘Kyiv Post’, os incidentes levaram a NATO a lançar a Operação Sentinela Oriental, reforçando a postura defensiva da aliança e sublinhando o “alto nível de tensão” reconhecido pelo próprio Rubio.
Em entrevista à imprensa no Canadá, Rubio afirmou que os EUA não apoiam a agressão russa, mas reforçam o compromisso com a NATO e a defesa dos parceiros europeus caso sejam atacados. O secretário destacou a prioridade de Washington em fornecer ajuda defensiva à Ucrânia, especialmente para proteger a rede elétrica, apontando que as ações de Moscovo visam minar o moral e a vontade de lutar dos ucranianos.
Rubio advertiu ainda que a escalada russa, embora contraproducente, aumenta o risco de tensões mais amplas. Apenas em setembro, diversos aliados da NATO acionaram consultas formais ao abrigo do Artigo 4, após múltiplas incursões aéreas, incluindo uma violação com caça na Estónia.
Segundo analistas, o Kremlin parece testar os limites da aliança ocidental, impulsionando os EUA e a Europa a reforçar muros antidrones e a defesa aérea integrada.
Hungria e a polémica da isenção energética
Outro ponto delicado na agenda de Rubio é a recente decisão da administração Trump de conceder isenção de sanções à Hungria, permitindo que o país continue a depender da energia russa. A medida inclui o projeto nuclear Paks 2, que segue sem prazo definido para conclusão, e uma extensão de um ano para oleodutos de petróleo e gás, como o Druzhba e o TurkStream.
O secretário esclareceu que, apesar de manter a dependência energética, Washington negocia paralelamente o fornecimento de combustível nuclear americano à Hungria, com o objetivo de diversificar as fontes de energia. A isenção para petróleo e gás visa evitar um colapso económico imediato na Hungria, aliada estratégica da NATO, mas gerou críticas na Europa e no Capitólio americano.
Impacto político e tensão dentro da NATO
A manobra de Rubio, combinando condenação das provocações russas com facilitação de sanções limitadas à Hungria, levanta dúvidas sobre a coesão da aliança ocidental. Um diplomata europeu afirmou ao ‘Kyiv Post’ que a abordagem suscita a questão: “Quando se trata de confrontar o Kremlin, a NATO tem uma política ou 32?”
O acordo com Orbán, do ponto de vista de Washington, protege um aliado-chave e garante contratos lucrativos para empresas americanas, incluindo GNL avaliado em mais de 600 milhões de dólares. Ao mesmo tempo, a decisão reforça a tensão diplomática entre os membros da NATO, que veem a unidade das sanções ocidentais como essencial para enfraquecer a economia de guerra russa.














