A Euribor continua a marcar o ritmo das prestações do crédito habitação em Portugal. Depois de fortes subidas em 2022 e 2023 e de um alívio sentido ao longo de 2024, a taxa de referência entrou em 2025 em terreno descendente, trazendo algum fôlego às famílias portuguesas. Contudo, os sinais mais recentes apontam para uma estabilização que poderá travar novas reduções significativas nas mensalidades.
Trajetória da Euribor
Em 2024, a Euribor terminou o ano com uma média de 2,43%, descendo de forma consistente até meados de 2025. No entanto, os meses de agosto e setembro trouxeram pequenas subidas nos prazos de 3, 6 e 12 meses. Em setembro, a taxa a 12 meses fixou-se em 2,148%, próxima dos mínimos do ano mas ainda longe dos valores negativos registados entre 2015 e 2021.
O papel do BCE
As oscilações da Euribor estão diretamente ligadas à política monetária do Banco Central Europeu (BCE). Após sete cortes consecutivos, o BCE fixou a taxa de juro de referência em 2,04% em junho de 2025. Já em setembro optou por uma pausa, justificando a decisão com a inflação ainda perto dos 3%, a recuperação moderada da economia europeia e as incertezas geopolíticas.
Impacto nas famílias
A descida da Euribor trouxe reduções expressivas nas prestações. Um crédito de 150 mil euros a 30 anos, com spread de 0,99%, pode hoje significar uma poupança mensal superior a 120 euros face a meados de 2023. Ainda assim, com a taxa a estabilizar em torno dos 2%, a margem de alívio tende a ser menor.
A escolha do indexante ganha, por isso, especial relevância. Optar pela Euribor a 3 meses permite que a prestação se ajuste mais rapidamente às variações do mercado, enquanto a Euribor a 6 meses oferece um equilíbrio entre previsibilidade e atualização. Já a Euribor a 12 meses garante prestações estáveis durante um ano inteiro, o que pode ser particularmente útil em cenários de subida das taxas.
Especialistas consideram que, no contexto atual, a Euribor a 6 meses representa a solução mais equilibrada para a maioria dos mutuários.
Perspetivas para 2026
Analistas projetam três cenários para os próximos trimestres:
- Otimista: inflação em queda abre espaço a novos cortes do BCE;
- Moderado (mais provável): taxas estabilizam entre 2% e 2,5%;
- De risco: choques externos podem inverter a tendência.
A próxima reunião do BCE está marcada para 30 de outubro, seguida de outra a 18 de dezembro, sendo aguardada com expectativa pelo mercado e pelas famílias com crédito habitação.













