Estão as infraestruturas digitais preparadas para a crise energética?

Por Paolo Zaccagnini, Commercial Director and Public Relations da WEDOIT

 

Infelizmente a guerra na Ucrânia vai longa, mas os seus efeitos continuam a pairar sobre a Europa. Um contexto de potencial crise energética já leva os países europeus as estratégias de contenção. Mas, se tudo parar, estarão as infraestruturas preparadas para estas interrupções?

Já há tempos se dizia “Winter is Coming…” mas apesar do inverno ter começado há pouco, as medidas de contenção de energia não são de agora. A guerra na Ucrânia destabilizou o mercado de energia europeu e vários países começaram a tomar medidas logo no final do Verão. Esta realidade pode ainda não ser muito notória em Portugal, mas em países como a França, os cortes de energia durante horas já são uma realidade.

Em Portugal, são vários os setores sociais e económicos dependentes de serviços digitais. Se plataformas como o Portal das Finanças, aplicações de bancos, ou o sistema da Segurança Social ficarem inoperacionais, será o país obrigado a “parar”? Como sabemos, estes apagões são prejudiciais para a economia e para as infraestruturas que apoiam os países. Ou até os efeitos em empresas mais pequenas, que serão, certamente maiores.

Para além da subida de preços que o sector da energia já enfrenta, também pode existir uma escassez, e a energia “não dar para todos”. Ou seja, as empresas têm de lidar com a inflação e ainda com uma hipótese de paragem de produção.

Apesar de os países estarem preparados para a poupança de energia, o que poderá ser feito se for necessário apagar “à força”? O que um mau plano pode comprometer? A preparação não deve passar apenas pela poupança de energia, mas sim por medidas efetivas que sejam capazes de garantir o funcionamento estável e sustentável das infraestruturas.

Embora a crise energética seja uma consequência de fatores geopolíticos que fogem do nosso controlo, há medidas que as empresas podem fazer para mitigar o seu impacto. Foquemo-nos na preparação e em incentivar planos de eficiência energética.

As empresas devem cumprir à risca os seus planos de contingência. Por exemplo, testar os sistemas de proteção de energia, reabastecer as reservas de combustível para os geradores de reserva, criar infraestruturas com medidores inteligentes para reduzir o consumo nos horários de pico.

Portugal está num bom caminho em termos de transformação digital, o que implica a instalação de certas infraestruturas que consomem muita energia. Dou como exemplo, os data centers. Os data centers utilizam uma grande quantidade de eletricidade, o equivalente a vilas ou pequenas cidades, para alimentar os servidores e garantir a resiliência do serviço.

Por toda a Europa, e para tentar compensar este gasto energético, várias empresas já apostaram na construção de Green Data Centers – centros ecologicamente sustentáveis. Utilizam energias alternativas como a tecnologia fotovoltaica, bombas de calor, arrefecimento evaporativo, sistemas de iluminação de consumo eficiente de energia, células de combustível, entre outros.

Este exemplo dos data centers, que poderia ser sobre qualquer infraestrutura, é apenas uma amostra sobre como as empresas e os países se devem precaver desde o início, porque qualquer quantidade de tempo que passem offline pode ser extremamente prejudicial. Vivemos num país com uma grande dependência energética, temos de ter isto em consideração para não ficarmos reféns e de mão-atadas.

Esta crise poderá tornar-se num catalisador para uma transição energética tão necessária. Para o futuro, Portugal precisa, mais do que nunca, de focar as suas fontes de energia e investir em tecnologia renováveis e sustentáveis a longo prazo. As empresas devem tornar-se autossuficientes e gerar a sua própria energia. Infelizmente, situações como a que passamos hoje podem repetir-se no futuro. Com tudo aquilo que estamos a aprender, nada justifica a falta de preparação. Apostemos na sustentabilidade das infraestruturas, o caminho é green.

Ler Mais

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.