O Estado de Direito nas democracias europeias está em risco exceto que os líderes da UE aumentem significativamente a sua resposta ao ‘boom’ de crimes relacionados com drogas, alertou esta segunda-feira Catherine de Bolle, chefe da Europol, citado pelo jornal ‘POLITICO’.
De acordo com a responsável, a Europa substituiu os Estados Unidos como o principal mercado-alvo para os traficantes internacionais de drogas e que a chegada destas deve aumentar nos próximos dois anos.
O resultado será um aumento da violência e corrupção crescente em vários pontos de tráfico de drogas, incluindo o porto de Antuérpia, na Bélgica, uma vez que os gangues criminosos procuram infiltrar-se cada vez mais nas empresas de logísticas, Governo local e até no sistema judicial, alertou De Bolle.
“Vemos que a União Europeia se tornou mais importante para os criminosos em comparação com os Estados Unidos. Os países europeus são predominantes no momento”, disse. “Vemos que nos próximos dois anos teremos um aumento de drogas para a União Europeia porque há mais produção.”
A advertência de De Bolle decorreu numa altura em que a UE enfrenta vários desafios ao Estado de Direito no bloco, inclusive em países como a Bulgária, que fica ao longo de uma importante rota de importação de drogas do Médio Oriente, onde o crime organizado é amplamente visto como estando interligado com o Governo.
No entanto, De Bolle disse que o agravamento do problema europeu com o crime organizado não ocorre apenas na Europa Central e Oriental. Também está a assolar centros afluentes no oeste e no norte da Europa, de Antuérpia, na Bélgica, a Roterdão e Amesterdão, nos Países Baixos, a Hamburgo, na Alemanha, e pequenos portos na Espanha e nas cidades costeiras da Suécia.
“Roterdão e Antuérpia são muito importantes para os grupos criminosos. Mas vemos que quanto mais trabalhamos nos grandes portos, também há portos menores, como Hamburgo, ou portos na Espanha, que são muito lucrativos e interessantes para os narcotraficantes”, alertou.
“O que realmente nos preocupa é o aumento da violência. Não apenas a violência regular: assassinatos por encomenda, tortura, explosões, violência realmente forte e dura, com muitos mortos”, sustentou.
“Descobrimos um porto onde todos foram corrompidos. Se abandonarmos certas áreas, pode-se ter situações realmente complicadas em que os criminosos assumem o controlo”, frisou De Bolle. “Os traficantes estão a infiltrar-se nas nossas sociedades e querem decidir as grandes questões da nossa sociedade. Precisamos que isso seja uma prioridade nos próximos anos, se quisermos salvar e proteger os grupos vulneráveis.”
Os líderes europeus precisam fazer da luta contra o crime organizado uma prioridade ainda maior se quiserem evitar que os cidadãos percam a confiança no sistema, indicou De Bolle. “Estamos numa situação muito difícil”, finalizou. “Estamos atrasados.”














