Está a lavar mal (ou pouco) a toalha de praia: Saiba porque é um problema sério, segundo especialistas

Areia, suor, protetor solar e humidade criam o ambiente ideal para bactérias perigosas se desenvolverem nas toalhas — e muitas pessoas não as lavam com a frequência recomendada.

Pedro Gonçalves
Julho 26, 2025
16:00

O verão chegou, e com ele as idas à praia e à piscina, onde as toalhas são companheiras indispensáveis. Mas segundo um alerta lançado por vários especialistas consultados pelo HuffPost, a maioria das pessoas não está a lavar a toalha de praia com a frequência necessária — e isso pode estar a pôr em risco a sua saúde.

Entre o sal do mar, o cloro da piscina, a areia, o suor e os restos de protetor solar, as toalhas de praia acumulam uma grande variedade de resíduos e microrganismos. Em contacto com a humidade e o calor, estes elementos transformam as toalhas num ambiente ideal para o crescimento de bactérias, fungos e até agentes patogénicos potencialmente perigosos, como explicou o Dr. Joseph Battistelli, professor associado de biologia na Universidade Commonwealth da Virgínia: “As bactérias precisam de água para se multiplicar. E as toalhas húmidas oferecem essa condição.”

Segundo a dermatologista certificada Hannah Kopelman, da Kopelman Hair Restoration, “uma toalha usada várias vezes, especialmente se permanece húmida, torna-se num autêntico campo de cultivo para bactérias.” Megan Meyer, doutorada em microbiologia pela Universidade da Carolina do Norte e consultora em comunicação científica, confirma: nas toalhas de praia encontram-se frequentemente estafilococos, micrococos e corinebactérias (difteroides), para além de microrganismos ambientais vindos da areia e da água.

Mas a lista não fica por aqui. De acordo com Meyer, a areia da praia pode conter também Escherichia coli (E. coli), enterecocos, Salmonella, Campylobacter, Staphylococcus aureus e até a sua versão resistente a antibióticos, o temido MRSA (Staphylococcus aureus resistente à meticilina).

Apesar de os ambientes das toalhas não serem os mais ideais para a rápida multiplicação bacteriana — como explicou Battistelli, o E. coli pode duplicar a população a cada 20 minutos em condições ideais, o que não é bem o caso aqui —, a acumulação progressiva ainda representa um risco real, sobretudo para pessoas imunocomprometidas ou com lesões na pele.

“As toalhas podem alojar também leveduras e fungos”, acrescentou o especialista.

Infeções e doenças de pele: um risco real
A reutilização de toalhas húmidas e sujas pode causar problemas dermatológicos como foliculite (inflamação dos folículos pilosos) ou mesmo infeções por fungos, como a tinha (vulgarmente conhecida como “micose”) ou o pé de atleta. “Se tiver cortes, feridas de depilação ou mesmo folículos inflamados, as bactérias podem entrar e causar infeção. Pode evoluir para uma situação clínica”, alertou a Dra. Kopelman.

Além disso, a exposição à areia da praia agrava os riscos, devido à presença de bactérias fecais oriundas de animais selvagens, esgotos ou resíduos químicos. “O tipo de exposição à água também é relevante”, acrescentou Battistelli. “A água do mar contém sal, o que inibe o crescimento bacteriano, mas ambientes de água doce, como rios e lagos, podem conter mais microrganismos, especialmente em condições de águas quentes e paradas.”

Em piscinas, tudo depende da temperatura da água e da quantidade de desinfetante presente, como o cloro. Já quem sofre de eczema ou pé de atleta deve ter cuidados redobrados, pois o risco de infeções aumenta exponencialmente com a reutilização de toalhas não lavadas, explicou a dermatologista Dr. Anna Prodanovich.

A toalha também pode piorar acne e eczema
“Já vi casos de pacientes com surtos de acne ou agravamentos de eczema apenas devido à reutilização de toalhas sujas”, afirmou Kopelman. As toalhas acumulam suor, oleosidade, células mortas da pele e bactérias — elementos que obstruem poros e irritam a pele sensível.

Prodanovich alerta: “Em pessoas com a barreira cutânea já comprometida, como no caso da pele atópica, mesmo uma acumulação moderada de microrganismos pode provocar inflamações ou surtos.”

Partilhar toalhas com amigos ou familiares é outro hábito desaconselhado. “Pode provocar a transmissão de fungos como o pé de atleta ou infeções por tinha, especialmente se alguém tiver feridas abertas ou pequenas lesões na pele”, explicou Kopelman. Battistelli foi ainda mais direto: “Não recomendo, especialmente se for imunocomprometido ou tiver alguma condição de risco.”

O material da toalha também tem impacto. Segundo Megan Meyer, “as bactérias sobrevivem até 2,5 vezes mais em tecidos sintéticos como o poliéster ou microfibra, comparativamente com o algodão.” Além disso, os microrganismos aderem com mais facilidade a estes tecidos artificiais.

Para quem procura uma opção mais segura, a recomendação é clara: opte por toalhas de 100% algodão, que têm maior capacidade de respiração e propriedades antimicrobianas naturais.

Quando e como lavar a toalha de praia
A pergunta essencial é: com que frequência devemos lavar a toalha de praia? A resposta dos especialistas é praticamente unânime — o ideal seria lavá-la após cada utilização, ou pelo menos a cada dois ou três usos.

“Recomendo lavar a toalha diariamente, especialmente se estiver deitada sobre ela ou se esta permanece húmida durante longos períodos”, disse Kopelman. “Se não for possível, tente arejá-la bem ao sol e garantir que está completamente seca antes de voltar a usá-la.”

Battistelli reforça: “Lave a toalha todos os dias, ou use uma toalha diferente entre sessões de praia.”

Dicas práticas para as férias
Sabendo que nas férias nem sempre é viável lavar toalhas todos os dias, os especialistas deixam algumas sugestões:

  • Sacuda bem a toalha após cada uso para remover areia e resíduos;
  • Estenda-a ao sol sempre que possível, pois os raios UV têm efeito antimicrobiano;
  • Evite guardar toalhas húmidas dentro de sacos ou mochilas fechadas;
  • Utilize duas toalhas: uma para se deitar e outra para se secar;
  • Alterne entre várias toalhas, para permitir maior tempo de secagem;
  • Lave também o saco de praia ocasionalmente, pois este acumula a mesma humidade e microrganismos;
  • Se puder lavar, adicione vinagre branco no ciclo de enxaguamento — ajuda a eliminar bactérias e odores.

E o mais importante: se não conseguir lavar diariamente, assegure-se de que a toalha está completamente seca antes de cada reutilização. “Secar bem a toalha entre usos é ainda mais importante do que a frequência com que a lava”, concluiu a Dra. Prodanovich.

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