“Está a formar-se o grande caos”: impulso da Rússia no norte de África faz disparar os alarmes

Grupo mercenário russo Wagner manteve uma presença secreta na Líbia após a deposição de Muammar Kadafi, apoiada pela NATO, em 2011. Washington acusou Moscovo de usar os seus mercenários na Líbia para interferir no conflito no país

Francisco Laranjeira
Maio 10, 2024
17:09

A Rússia expandiu rapidamente a sua presença militar na Líbia, denuncia uma investigação do site independente russo ‘Verstka’, o ‘All Eyes On Wagner Project’ e o meio de comunicação financiado pelos EUA ‘Radio Free Europe/Radio Liberty’: citando fontes de agências de segurança da Líbia e dos militares russos, nas últimas semanas foram destacados pelo menos 1.800 soldados e mercenários russos para o país do norte de África – alguns foram transferidos para o vizinho Níger, o que tem feito aumentar as tensões entre Moscovo e Washington.

O grupo mercenário russo Wagner manteve uma presença secreta na Líbia após a deposição de Muammar Kadafi, apoiada pela NATO, em 2011. Washington acusou Moscovo de usar os seus mercenários na Líbia para interferir no conflito no país.

Após uma reunião entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o comandante militar oriental da Líbia, Khalifa Haftar, no final de setembro de 2023, foi estabelecido um acordo de defesa que permitiria a Moscovo expandir a sua presença militar no leste da Líbia e poderia levar à criação de uma base naval.

Na altura, Jonathan Winer, antigo enviado especial dos EUA à Líbia, garantiu que os EUA estavam a levar a ameaça “muito a sério”. “Manter a Rússia fora do Mediterrâneo tem sido um objetivo estratégico fundamental – se a Rússia conseguir lá portos, isso irá dar-lhe a capacidade de espiar toda a União Europeia”, explicou.

Centenas de soldados de unidades de forças especiais russas, acompanhados por milhares de mercenários e tropas regulares, foram transferidos da Ucrânia para a Líbia no início deste ano: foram vistos militares e equipamentos russos em bases em pelo menos 10 locais no leste da Líbia desde março, concluiu a investigação.

Uma fonte do Ministério da Defesa russo, em declarações ao ‘All Eyes On Wagner’, indicou que visitou a Líbia em várias ocasiões antes da invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022. “Ele diz que nunca houve tanto barulho. Estão a formar-se aqui mudanças tectónicas. Ele acha que ‘está a formar-se o grande caos'”, salientou o projeto.

Alguns dos recém-chegados da Rússia e da Ucrânia têm participado em missões de combate específicas. Outros estão a treinar forças locais e novos recrutas para o Grupo Wagner, conclui a investigação.

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