A inspeção de veículos (ITV) é obrigatória por lei quando o automóvel atinge determinada idade. Quem não cumpre esta obrigação arrisca-se a conduzir um veículo com defeitos graves de segurança ou níveis de poluição acima do permitido: se decidir não fazer a inspeção de todo ou deixe passar o prazo, para além de estar a colocar a sua vida e a de outros em risco, sujeita-se, caso seja mandado parar pelas autoridades, a multas que podem ir dos 250 aos 1.250 euros.
Recorde-se que em Portugal as datas limite para cada carro são definidas a partir da data da primeira matrícula do automóvel. Qualquer pessoa pode levar o carro e cada inspeção pode ser realizada até 3 meses antes da data limite.
Ligeiros
A regra é clara. Para automóveis ligeiros de passageiros a primeira inspeção deve ser feita até 4 anos após a primeira matrícula. De seguida, a inspeção periódica terá de ser feita de dois em dois anos até perfazer oito, ponto a partir da qual o carro terá de ser levado à inspeção com uma frequência anual.
No caso dos automóveis ligeiros de mercadorias, reboques e semirreboques com peso bruto entre 750 e 3500 Kg, a primeira inspeção deve ser feita até dois anos depois da primeira matrícula, a partir do qual terá de ser cumprida anualmente.
Em relação a ligeiros licenciados para transporte público de passageiros e ambulâncias, incluindo carros de instrução, a inspeção é feita todos os anos até ao 8º e, em seguida, semestralmente.
Pesados
Automóveis pesados de passageiros têm de ir à inspeção todos os anos, desde a primeira matrícula e até fazerem 8 anos, sendo a partir daí obrigados a inspeções semestrais.
Todos os outros pesados, incluindo pesados de mercadorias e reboques superiores a 3500kg devem ser inspecionados anualmente.
Em Espanha, a situação não é muito diferente, de acordo com o jornal ‘El Mundo’, que indicou que quase um terço dos veículos não realiza a ITV a tempo. Segundo dados da Aeca-ITV (Associação Espanhola de Inspeções Automóveis), em 2024, 32,7% dos veículos que deveriam ter passado pela inspeção não o fizeram. Apesar de ser ligeiramente inferior ao número registado em 2023 (33,2%), continua a ser preocupante e bem acima dos 26,6% registados em 2017.
O principal motivo não é o custo médio da inspeção, que ronda os 50 a 70 euros, mas sim o preço elevado das reparações exigidas para corrigir defeitos graves, muitas vezes superiores ao valor do próprio veículo.
Soluções “criativas” que desafiam a segurança
Em muitos casos, condutores tentam passar a inspeção mesmo com veículos em condições preocupantes, recorrendo a soluções improvisadas para contornar os problemas. Inspetores documentaram situações curiosas em mais de 400 centros de ITV em Espanha:
– Um carro com uma espada no lugar da alavanca de velocidades.
– Um depósito de gasolina amarrado com corda.
– Um espelho colado ao retrovisor preso com fita adesiva.
– Uma carrinha com a janela traseira coberta com cartão.
📊 De acuerdo con cifras oficiales, el 75% de los defectos graves detectados en vehículos corresponden a fallos en alumbrado, emisiones contaminantes, neumáticos y frenos.
📷 Este es el estado en el que llegan algunos vehículos a las estaciones de #ITV.#ITVSalvaVidas pic.twitter.com/MA4Lx0UWzk
— AECA-ITV (@AECA_ITV) September 26, 2025
Embora estas situações sejam grotescas, a maior parte das reprovações resulta de problemas mais comuns e graves.
As quatro falhas mais frequentes
De acordo com o relatório da Aeca-ITV, quatro categorias representam 75% das falhas:
Iluminação e sinalização – 22,6%
Emissões poluentes – 21,5%
Jantes, pneus e suspensão – 19,9%
Travões – 11,4%
Atrasos aumentam os riscos
O estudo revelou que o atraso na inspeção está diretamente relacionado com o aumento de defeitos graves:
Atraso de 0 a 6 meses → 28% mais defeitos graves ou muito graves
Atraso de 6 a 12 meses → 46% mais defeitos
Atraso superior a 12 meses → 62% mais defeitos
Os atrasos concentram-se principalmente em veículos mais antigos e com menor manutenção, sendo que veículos com mais de 10 anos sem inspeção estão cada vez mais presentes em acidentes rodoviários com vítimas mortais. O aumento mais significativo ocorreu nos camiões, com 43% mais acidentes face a 2019.














