O mercado de trabalho português continua a dar sinais de força, com o número de pessoas empregadas a ultrapassar, pela primeira vez, os 5,33 milhões de profissionais, o valor mais elevado de sempre.
De acordo com a análise da Randstad Research aos resultados do Inquérito ao Emprego do INE relativos ao terceiro trimestre de 2025, a taxa de desemprego recuou para 5,8%, atingindo o nível mais baixo dos últimos três anos.
Apesar deste dinamismo, a Randstad alerta para um fator que poderá condicionar o crescimento futuro: a reserva de pessoas fora do mercado de trabalho com disponibilidade para trabalhar está a reduzir-se, o que agrava a escassez de talento e aumenta as dificuldades de recrutamento das empresas.
No terceiro trimestre, o emprego cresceu 83,8 mil pessoas face ao trimestre anterior e 191,2 mil em termos homólogos, com aumentos em todos os grupos etários. Destacaram-se os jovens entre os 16 e os 24 anos, cujo número de empregados aumentou 7,5%, e os profissionais entre os 55 e os 64 anos, que também registaram um crescimento expressivo, sinalizando simultaneamente uma maior inserção dos jovens no mercado e a prolongação da vida ativa dos trabalhadores seniores.
O setor dos serviços foi o principal motor da criação de emprego, com um aumento de 83,7 mil profissionais. Dentro deste setor, a hotelaria e restauração cresceram 7,6%, enquanto as atividades de saúde humana aumentaram 4,1%. Em contrapartida, a educação perdeu 17,7 mil profissionais. A indústria transformadora também apresentou uma redução, refletindo a desaceleração das encomendas e o avanço da automatização, enquanto a agricultura manteve estabilidade.
Em termos de formas de contratação, registou-se um reforço dos contratos sem termo (+76,2 mil) e uma diminuição dos contratos com termo (-20,7 mil), reduzindo a taxa de trabalho temporário para 15,1%.
Embora o desemprego global tenha recuado, a tendência não foi igual entre géneros: a taxa de desemprego feminina desceu, mas a masculina registou um ligeiro aumento.
Reserva de talento em declínio preocupa especialistas
De acordo com a Randstad Research, o grupo de inativos com potencial para integrar rapidamente o mercado de trabalho é hoje mais reduzido do que há uma década. Essa diminuição limita a capacidade de recrutamento e agrava a escassez de talento disponível.
Isabel Roseiro, Diretora de Marketing da Randstad Portugal, sublinha que “os dados mostram um mercado de trabalho forte, com mais emprego e maior participação da população ativa. No entanto, estamos a entrar numa fase em que o crescimento já não depende apenas da procura, mas da capacidade de encontrar e desenvolver talento. A reserva de pessoas que poderiam entrar no mercado está a diminuir, e isso coloca pressão acrescida sobre empresas e decisores. Para sustentar o crescimento económico, é essencial requalificar, reter e atrair talento de forma estratégica.”
A Randstad defende que este contexto exige novas políticas de valorização dos trabalhadores seniores, programas de reconversão profissional em larga escala e estratégias eficazes de atração de talento internacional, de forma a assegurar a sustentabilidade do mercado de trabalho e o crescimento económico do país.














