Hoje vamos mergulhar no futuro da mobilidade e claro da sustentabilidade e vamos fazê-lo através da visão de uma marca que todos conhecemos – a Peugeot.
E esta análise provém de fontes oficiais da própria marca, que depois de lidas e analisadas foram compiladas neste artigo onde o objetivo é perceber o caminho que as marcas estão a seguir no caminho para um futuro mais sustentável com estratégias e inovações que têm de estar alinhadas com as novas exigências ambientais.
E o nosso ponto de partida é um comunicado de imprensa muito específico do passado dia 12, com o título Peugeot Polygon Concept – o futuro do prazer de condução. E “salta logo à vista” um pormenor engraçado – não se trata somente de um automóvel novo mas de um manifesto ou declaração de intenções sobre como a Peugeot quer redefinir não só a condução mas também a sua responsabilidade para com o ambiente.
E, permitam-me este parêntesis para referir que marcas como a Volvo, BMW, Mercedes, Polestar, Audi todas estão a seguir o mesmo caminho: pensar no automóvel não como um mero veículo de transporte mas como um elemento que ajuda o planeta. Transferindo para o mundo empresarial, faz lembrar que antigamente o fornecedor de uma empresa era um elemento externo e por vezes estranho e hoje é parte atuante para a criação de valor para a empresa onde trabalha. Provavelmente marcas Porsche, Ferrari, Rolls-Royce, Aston Martin … certamente seguem o mesmo caminho, mesmo sendo mais exclusivas.
OK, então vamos começar a desconstruir o tema da Peugeot e a primeira grande rutura que salta logo à vista é com o volante acabou. Exatamente! O HyperSquare está ligado a uma direção 100% eletrónica – tecnologia steer by wire, o que convenhamos é um bocado desconcertante, dada a ideia de não ter uma ligação física mecânica às rodas. E como é que se convence o consumidor que isto é seguro a 120 km/hora numa autoestrada a chover bem?
É a pergunta de um milhão de euros. Mas a Peugeot sabe disso – a confiança é tudo – e a primeira parte da resposta está na origem da tecnologia: a aviação e os sistemas Fly by Wire que são o padrão há décadas em aviões, com sistemas de redundância, sistemas à prova de falhas.
E a Peugeot quer trazer essa robustez para os carros de série já em 2027.
Mas porquê mudar? O volante funciona bem há mais de um século!!!!
Porque esta tecnologia desbloqueia uma forma de conduzir completamente diferente. Pensemos no conforto e na agilidade. O que ganho, na prática, com este retângulo? Bem, para começar, acabaram-se as manobras complicadas para estacionar a baixa velocidade. O Hyper Square só roda 170°.
Quer dizer que nunca preciso de cruzar os braços. São pequenos movimentos super intuitivos. Só isto já é uma pequena revolução no dia a dia.
Admito que soa muito bem, mas, por outro lado, em estrada aberta, a alta velocidade, eu gosto de sentir a estrada, não se corre o risco de experiência ficar como num videojogo? Demasiado filtrada?
É uma preocupação válida, a sensação de estar ligado à estrada é crucial. A abordagem da Peugeot parece ser a de encontrar um equilíbrio. A alta velocidade, basta um toque muito leve para mudar de trajetória – a tal hiper agilidade que referem. O sistema foi feito para filtrar as vibrações do mau piso mas deixar passar a informação essencial, a aderência e o comportamento do carro. A ideia é manter o condutor informado, mas não cansado!! E uma ligação mais inteligente à estrada.
Portanto, ao mudar a forma como controlamos o carro abre-se todo um novo mundo de possibilidades para o habitáculo. Se o volante fica mais pequeno e as mãos não saem dali, o espaço atrás dele fica livre a e Peugeot fez algo … disruptivo – eliminou o painel de instrumentos por completo, desapareceu, não há mostradores, não há ecrã atrás do volante.
E, podem perguntar, como assim? E a velocidade, o GPS… por onde é que eu olho? OK, é para o écran central, porque senão é um passo atrás na segurança. Não, é exatamente o contrário!
A informação foi para o único sítio onde nunca tiramos os olhos da estrada – o pára-brisas. OK, um head up display.
Muito mais que isso; um painel de micro leds que projeta tudo diretamente no vidro e não é uma projeção pequena. Estamos a falar do equivalente a um ecrã panorâmico de 31″, imersivo.
Ou seja, a estrada e a informação do carro fundem-se numa só imagem e essa informação é personalizada, certo?
Mas neste automóvel não muda só o que vemos, mas muda todo o ambiente do carro: a iluminação, as cores, as animações. Por exemplo, no exterior e com o carro parado, as animações são visíveis de fora, o carro ganha vida, deixa de ser um objeto parado e passa a comunicar, a expressar um estado de espírito!
Ora essa ideia de comunicação estende-se ao design exterior. A marca refere o conceito mais felino de sempre. A assinatura das 3 garras é um clássico, mas aqui levaram-na a outro nível. Agora são horizontais e usam a mesma tecnologia micro led para criar animações, mudam de cor ou dão expressividade. Também um detalhe curioso: no pilar C, um pequeno ecrã que mostra o nível da bateria a quem passa na rua – funcionalidade e estética de mãos dadas.
Projeto pode ficar na gaveta? Talvez não…
O sonho é futurista, sem dúvida, mas sejamos honestos, a indústria está cheia de protótipos espetaculares que ficam na gaveta. Será que este é mais um caso? Não acredito pelo que vi e li do Polygon.
Por exemplo, hoje todos conversam sobre a sustentabilidade. Todas as marcas falam disso. O que é que torna esta abordagem radical e não só mais greenwashing? Essa é a questão central e a resposta está em como a sustentabilidade foi pensada na Peugeot desde o início. Não é um extra! Por exemplo, os materiais: o interior é forjado, basicamente são os tecidos e espumas de bancos de carros Peugeot antigos que foram recolhidos, triturados e prensados a quente para criar um novo material super-resistente.
Então mas é possível que os bancos de um Peugeot de 2010, pode literalmente tornar-se parte do Peugeot atual? Parece que sim – é a economia circular em ação. E a estrutura dos bancos é impressa em 3D com plástico de garrafas recicladas onde até a tinta preta interior contém pigmentos recuperados da reciclagem de pneus.
Mas a verdadeira revolução está na filosofia do “menos é mais” – bem conhecido no meio empresarial – O carro foi desenhado para ter menos peças. Um banco normal tem dezenas de componentes; aqui tem 3 em vez de 4 portas, tem 2 grandes portas em borboleta. Ora, menos peças significa produção mais simples, mais barata e um carro mais leve, o que leva a mais eficiência.
Perceciono então uma reciclagem mais fácil no fim de vida. Precisamente! Mas a sustentabilidade não pode ser só sobre o fim. E este conceito é fantástico – perdoe-me a Peugeot mas faz-me recordar os antigos Mercedes, carros para gerações. A Peugeot recria o conceito de modo inteligente. E como?
Trabalhando a longevidade, de um modo que não me recordaria – lá vem a história de cada empresa ter um centro de inovação onde muitos dão ideias, umas implementáveis e outras não. A Google tem aliás um projeto onde guarda todas as ideias que não foram implementadas para depois serem revisitadas, quando a tecnologia o permitir ou quando encontraram forma/meio.
Então de que serve um carro com materiais reciclados, se ele próprio é desenhado para ficar obsoleto em 5 anos. Eu que “luto” contra o modelo de fast fashion que se instalou na indústria automóvel, como é que este conceito aborda isso de uma forma muito inteligente? Através da personalização e da substituição, onde muitos elementos foram pensados para serem facilmente trocados. A espuma dos bancos, os acabamentos das rodas, até ao próprio Hyper Square.
Interessante a ideia é que, em vez de trocarmos de carro, atualizamos o carro e até mesmo da cor, bastando trocar os painéis ou fazer um upgrade.
Isto incentiva a manter o veículo por muito mais tempo. Um carro que evolui connosco.
Esta brilhante ideia leva-nos ao nome do protótipo Polygon. Um polígono tem múltiplos lados. Estão a sugerir que isto não é só um carro, mas uma plataforma para vários tipos de carros.
E é exatamente essa a ideia. E para o provar, eles mostraram 3 configurações muito diferentes: a urban, mais compacta e elegante para a cidade, a player, o nome diz tudo – versão desportiva mais baixa, com uma silhueta agressiva e a terceira é a Explorer – a versão de aventura, mais alta, maior distância ao solo, pronta para sair do asfalto.
Três personalidades distintas, mas todas nascem da mesma base modular e sustentável.
No fundo, o carro deixa de ser um produto estático e passa a ser uma tela para a expressão pessoal.
É uma visão que vai muito para além da simples eletrificação. Trata-se de repensar tudo.
Agradecemos a companhia nesta exploração e esperamos que nos acompanhem nas próximas análises.
E para quem ficou com a curiosidade aguçada, a Peugeot preparou uma surpresa.
Nã0 se limitaram ao protótipo físico, levaram o conceito para o mundo virtual. O PEUGEOT POLYGON CONCEPT foi revelado no universo FORTNITE, numa ilha virtual chamada POLYGON City
Esta ilha foi criada pela Gameloft, líder no desenvolvimento e publicação de jogos multiplataforma, em estreita colaboração com a equipa de design da PEUGEOT para ser uma nova forma divertida de explorar o PEUGEOT POLYGON CONCEPT, que ilustra a visão da PEUGEOT para o futuro.




















