A taxa de inflação em Portugal desacelerou em julho último, indicou o Instituto Nacional de Estatística, o que não quis dizer que os preços tenham ficado mais baixos, somente cresceram menos: de acordo com a ‘CNN Portugal’, desde outubro de 2022 que a taxa de inflação tem vindo a desacelerar, atingindo os 2,53%.
Para atingir esse valor, são tomadas como base um grande conjunto de produtos, sendo que o IPC (Índice de Preços do Consumidor) resulta de 12 classes de preços, cada uma com o seu peso no orçamento das famílias. As mais representativas são: Produtos alimentares e bebidas não alcoólicas 22,1%; Transportes – 14,8%; Restaurantes e hotéis – 10,4%; Bens e serviços diversos – 9,8%; Habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis – 8,7%; Saúde – 6,8%; Acessórios para o lar, equipamento doméstico e manutenção corrente da habitação – 6,6%; Vestuário e calçado – 6,4%; Lazer, recreação e cultura – 6,1%; Bebidas alcoólicas e tabaco – 3,6%; Comunicações – 2,9% e Educação – 1,9%.
No entanto, referiu o canal televisivo, as 12 classes são divididas em 145 grupos e subgrupos de produtos e serviços: em julho, apenas em 41 é que os preços realmente desceram face ao valor a que eram vendidos há um ano.
Para as famílias, a classe dos bens alimentares e bebidas não alcoólicas – a que tem mais peso – é dividida em 13 grupos e subgrupos de produtos: destes, apenas dois registaram uma diminuição dos preços: são eles “água mineral, refrigerantes e sumos de frutas e de produtos hortícolas”, com uma redução de 0,5% e “frutas”, com menos 0,4%. Em sentido contrário, o subgrupo “Peixe, crustáceos e moluscos”, por exemplo, a subida dos preços ultrapassou os 5,5% e no subgrupo “Leite, Queijo e Ovos” mais 4%.
Na classe dos Transportes, dos seus 15 grupos e subgrupos, há seis que registaram uma descida dos preços, a mais significativa das quais no subgrupo das “Transportes aéreos de passageiros”, como o preço a recuar 7,5%. Em sentido contrário, dentro da classe dos Transportes, o destaque vai para o subgrupo “Transportes de passageiros por mar e vias interiores navegáveis” com os preços a subirem a um ritmo superior a 7,3%.
De acordo com Ricardo Ferraz, esta subida e descida de preços é marca de uma economia de mercado. “Os preços dos bens e serviços variam ao longo do tempo. Uns descem e outros sobem, sendo que falamos em inflação quando se verifica um aumento generalizado dos preços”, salientou o economista, recordando que em outubro de 2022, a taxa de inflação medida pelo IPC foi de 10%, e que este número “significa, portanto, que o preço desse cabaz de bens e serviços (média ponderada de um conjunto de preços) aumentou 10% em outubro de 2022 face a outubro de 2021. E quando se disse, há poucos dias, que a taxa de inflação em julho foi de 2,5%, isto significa que esse cabaz estava 2,5% mais caro do que em julho do ano passado”.
“Embora a taxa de inflação esteja a desacelerar, tal não é sinónimo de que esse cabaz de bens e serviços esteja a ficar mais barato, mas sim que o preço desse cabaz continua a aumentar, mas agora a um menor ritmo”, precisou o professor universitário, lembrando que se se analisar a evolução do preço do cabaz alimentar da DECO (composto por 63 bens essenciais), “vemos que está hoje 16 euros mais caro do que há um ano. E se compararmos com o início de 2022, vemos que está 40 euros mais caro”.
“As coisas estão bem mais caras do que num passado recente. Sentimos isso quando vamos aos supermercados, quando vamos aos restaurantes, etc”, concluiu Ricardo Ferraz.














