Elevador da Glória: concurso público da Carris não exigia experiência a empresa estreante no setor da manutenção

Revista ‘Sábado’ revelou esta terça-feira que o concurso público da Carris está sob investigação da Polícia Judiciária

Revista de Imprensa
Setembro 9, 2025
9:18

A empresa que venceu o concurso de manutenção da Carris era recente no setor e apresentou uma proposta de metade do preço-base, revelou esta terça-feira a revista ‘Sábado’. A Polícia Judiciária está a investigar a adequação dos cadernos de encargo da Carris, a eficácia dos sistemas de redundância e a qualidade da manutenção, na sequência da tragédia do Elevador da Glória, que motivou a morte de 16 pessoas na passada quarta-feira.

Em 2022, uma empresa de pequena dimensão, estreante na área, assegurou junto da Carris a manutenção do Elevador da Glória: a MNTC – Serviços Técnicos de Engenharia, Lda., ficou com a tarefa de diariamente, semanalmente, mensalmente e semestralmente, inspecionar os equipamentos, com diferentes graus de pormenor, seguindo os parâmetros previstos no caderno de encargos habitual.

Atualmente, relatou a revista semanal, o ónus está do lado da Carris, responsável pela adequação do plano de manutenção previsto no caderno de encargos do último concurso, em 2022. Filipe Fraga, da Direção de Manutenção de Elétrico da empresa pública, tem sido um dos responsáveis pelos concursos de manutenção dos funiculares e também dos procedimentos e requisitos mínimos para as equipas técnicas.

Neste particular, a Carris em 2022 exigiu que as equipas de manutenção “devem possuir capacidade técnica e experiência mínima de 2 (dois) anos neste tipo de prestação de serviços de manutenção dos Ascensores da Bica, Lavra e Glória e do Elevador de Santa Justa ou em equipamentos similares”, refere o contrato. No entanto, pode ser insuficiente, indicou José Manuel Oliveira, coordenador da FECTRANS. “Para dominar a máquina, até pelos barulhos, é preciso pelo menos cinco, seis anos.”

Este é o tempo exigido pela Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, um mínimo de cinco anos de experiência à equipa de manutenção dos funiculares. A Carris apontou que “as exigências devem ser as adequadas de forma a não implicar uma limitação indevida da concorrência”. “A definição de dois anos como sendo a experiência mínima teve por base o conhecimento da Carris tanto ao nível dos serviços em causa como das empresas que, em Portugal, prestam este tipo de serviços”, acrescentou.

A empresa Liftech, líder na manutenção de elevadores e plataformas elevatórias em Portugal, que concorreu aos concursos de 2022 e 2025, indicou que o caderno de encargos da Carris é adequado. Em 2022, o concurso público foi vencido pela MNTC – Serviços Técnicos de Engenharia, Lda; em 2025, o concurso seria cancelado uma vez que as propostas ficaram acima do orçamento estipulado. A Carris teve então de firmar em agosto uma consulta prévia urgente de cinco meses com a MNTC para assegurar o serviço. “A Carris percebeu que o concurso iria ficar deserto, e não havia tempo para preparar novo concurso, pelo que foi preparado um procedimento para a celebração de um contrato intercalar de forma a garantir a não interrupção dos serviços de manutenção. Assim, foi previamente realizada uma consulta informal às entidades que apresentaram proposta no âmbito do processo pré-contratual supra referido, tendo a empresa MNTC Serv. Técnicos Engenharia apresentado o preço mais baixo”, explicou a Carris.

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