Vai decorrer esta noite, na SIC e SIC Notícias, o debate com os candidatos à Câmara Municipal de Faro, uma das mais disputadas a nível nacional. Frente a frente estarão Cristóvão Norte (PSD/CDS/IL/MPT/PAN), António Pina (PS), Pedro Pinto (CH), Duarte Baltazar e José Moreira (BE).
São oito candidatos vão disputar a presidência da Câmara de Faro nas eleições autárquicas de outubro, sob gestão do PSD há 16 anos, numa corrida que inclui três partidos que pela primeira vez se apresentam a eleições em Faro.
Pela primeira vez, concorrem à Câmara de Faro o Livre, o Volt e o ADN, depois de o PAN, que se apresentou a votos nas eleições de 2021, se ter coligado, desta vez, com a lista encabeçada pelo PSD. Relativamente às últimas eleições, há mais dois candidatos à Câmara de Faro nas eleições de 12 de outubro.
Entre os candidatos, está o deputado e líder da distrital do PSD/Algarve Cristóvão Norte, o líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, e o socialista António Miguel Pina, atual presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve e da Câmara de Olhão, onde está impedido de se recandidatar devido à limitação de mandatos.
Para tentar conquistar a autarquia da capital de distrito, a CDU (coligação PCP/PEV) aposta no advogado Duarte Baltazar, o Bloco de Esquerda apresenta o professor José Moreira e o Livre a professora universitária e investigadora Adriana Marques Silva.
A estas candidaturas juntam-se ainda o gestor Pedro Oliveira, pelo Volt Portugal, e José Freitas Oliveira, do ADN — Alternativa Democrática Nacional, técnico de higiene e segurança no trabalho.
A competição em Faro antevê-se equilibrada entre os algarvios Cristóvão Norte e António Miguel Pina, à qual se poderá juntar também Pedro Pinto, num concelho onde o Chega foi o segundo partido mais votado nas eleições legislativas deste ano.
Cristóvão Norte encabeça a lista da coligação “Faro Capital de Confiança”, apresentada como uma “iniciativa inédita” entre cinco partidos (PSD/IL/CDS-PP/PAN/MPT), apontando a necessidade de desenvolver o concelho para que este seja “atrativo” e se afirme como “uma grande capital regional”.
Já o socialista António Miguel Pina argumenta ter a “determinação e visão necessária” para devolver a Faro “a centralidade que merece”, depois de 16 anos marcados por uma liderança que considera esgotada e “sem rumo”.
Pedro Pinto, que ainda não apresentou oficialmente a sua candidatura apesar de ter cartazes espalhados pela cidade de Faro ao lado do presidente do partido, utiliza como slogan uma expressão adaptada do presidente norte-americano Donald Trump: “Tornar Faro grande outra vez”.
A CDU defende com a candidatura de Duarte Baltazar uma “alternativa política” à atual gestão autárquica, marcada pelo “favorecimento dos grandes interesses e negócios, em detrimento do bem-estar da população e do interesse público”.
O candidato do Bloco de Esquerda, o professor José Moreira, aponta o acesso à habitação como o problema central de Faro, considerando que “vai muito além da falta de habitação social para os mais pobres”, propondo-se a encontrar soluções para a habitação, combater a pobreza e criar de postos de trabalho.
A habitação está também nas prioridades da candidata do Livre, Adriana Marques Silva, juntamente com a educação, saúde, qualidade de vida e coesão social, considerando que Faro tem “sido negligenciada ao longo dos últimos anos e, como capital de distrito, merece muito mais e melhor”.
O Volt Portugal crê no independente Pedro Oliveira para implementar “uma forma de governar mais dinâmica, transparente e próxima das pessoas”, assente em três pilares: “Faro Inovador”, com uma aposta em tecnologia, ciência e educação; “Faro Verde”, para que a cidade seja sustentável, saudável e amiga do ambiente e “Faro Comprometido”, para preservar a identidade e cultura.
Para o candidato do ADN, José Freitas Oliveira, as prioridades passam por criar habitação a custos controlados e impulsionar as cooperativas de habitação, para permitir às pessoas “com menos recursos financeiros acederem a habitação própria em Faro”.
Em 2021, a coligação liderada pelo PSD venceu as autárquicas, elegendo seis dos nove vereadores em disputa, enquanto o PS ficou na segunda posição, garantindo os restantes três eleitos. A CDU, que ficou em terceiro lugar, e o Chega, em quarto, não elegeram qualquer vereador.
Fim de ciclo no PSD pode ajudar PS a vencer em Faro 16 anos depois
A impossibilidade de o atual presidente da Câmara de Faro, Rogério Bacalhau (PSD), concorrer às próximas eleições autárquicas, devido à limitação de mandatos, abre uma oportunidade para o PS retomar o controlo desse município algarvio, 16 anos depois.
Num concelho marcado pela alternância entre PS e PSD ao longo de cerca de 50 anos de poder local democrático, os socialistas apostam na experiência autárquica de António Miguel Pina, que fecha um ciclo de três mandatos em Olhão, para retomar a presidência de uma Câmara perdida para o PSD em 2009, quando Macário Correia fez um percurso idêntico de Tavira para Faro para vencer o então presidente, José Apolinário (PS).
Macário Correia acabaria por ser condenado a perda de mandato e deixar a Câmara em 2013, ano em que já não foi a votos, e foi sucedido pelo seu então vice-presidente, Rogério Bacalhau, que obteve aí a primeira de três vitórias consecutivas, rompendo a tradicional alternância que se verificava no município, a cada quatro anos, entre socialistas e social-democratas.
Perante a impossibilidade de candidatura de Rogério Bacalhau, o deputado e líder da distrital do partido Cristóvão Norte foi o escolhido para ser o candidato do PSD à presidência da Câmara de Faro, liderando uma coligação que inclui o CDS-PP, a IL e o MPT, mas também o PAN.
Apesar do domínio histórico no município, PSD e PS vão ter de lidar com a incerteza que representa o crescimento do Chega, quarto nas últimas eleições para a Câmara de Faro (5,13%), em 2021, atrás da CDU, terceira força mais votada (6,48%), mas que venceu as duas últimas eleições legislativas no distrito (em 2024 e 2025), com Pedro Pinto como primeiro candidato, uma aposta que o partido de André Ventura repetirá na corrida deste ano para o município farense.
Os serviços, o turismo ou a agricultura são atividades económicas relevantes no concelho, que tem no seu território o principal aeroporto do sul do país, o Aeroporto Internacional Gago Coutinho, e a Ria Formosa, zona húmida costeira classificada como Parque Natural e uma das principais riquezas ambientais do Algarve.
A preservação ambiental da Ria Formosa tem sido uma das preocupações da oposição nos últimos tempos, perante a construção de um novo porto de recreio exterior à doca de Faro, projeto de desenvolvimento turístico através da náutica de recreio, iniciado no mandato que agora finaliza e criticado pela falta de uma Avaliação de Impacte Ambiental atualizada.
O concelho de Faro tem 70.347 habitantes, segundo dados de 2024 do portal Pordata, e uma superfície de 201,2 quilómetros quadrados, estando dividido em quatro freguesias: União de Freguesias de Faro, Montenegro, União de Freguesias de Conceição e Estoi e Santa Bárbara de Nexe.
Faro é limitado a norte pelo concelho de São Brás de Alportel, a leste por Olhão, a oeste por Loulé e a sul pelo oceano Atlântico.












