Elaições autárquicas: Conflitos partidários geram onda de candidatos independentes. Veja as ‘cisões’

Em várias autarquias portuguesas, vice-presidentes de câmara e vereadores que não foram escolhidos pelos respetivos partidos para recandidatura decidiram lançar candidaturas independentes às eleições autárquicas de 12 outubro, em resposta a litígios internos.

Revista de Imprensa
Julho 28, 2025
10:47

Em várias autarquias portuguesas, vice-presidentes de câmara e vereadores que não foram escolhidos pelos respetivos partidos para recandidatura decidiram lançar candidaturas independentes às eleições autárquicas de 12 outubro, em resposta a litígios internos. Este fenómeno reflete a transformação de movimentos de cidadãos que surgem, muitas vezes, não da sociedade civil, mas dos próprios partidos, como forma alternativa de garantir uma presença eleitoral, segundo o Público, que revela o de ocorreram as ‘cisões’ até agora.

Em Alenquer, o vice‑presidente eleito pelo PS, Tiago Pedro, anunciou em julho que se apresentaria por uma lista independente após saber que o candidato do partido seria João Nicolau, líder da concelhia. Na sequência, viu os seus pelouros revogados e perdeu a vice-presidência da câmara — algo que disse “entender”. O PS local já pediu a sua expulsão, considerando que a sua “decisão unilateral (…) representa uma rutura com os valores da ética, transparência, solidariedade, honestidade e compromisso” do partido.

Na Chamusca, a vice‑presidente Cláudia Moreira desligou-se do PS depois de o partido escolher Nuno Mira como candidato à câmara, optando por concorrer como independente pelo “Movimento Presente”. De forma similar, em Espinho, Maria Manuel Cruz (eleita pelo PS e atual presidente da câmara) expulsou-se do partido e avançou com candidatura independente depois de lhe terem sido comunicados os pelouros certos a Luís Canelas, que se tornou o cabeça de lista do PS.

Em Esposende, o médico Carlos Silva, atual presidente da Assembleia Municipal, decidiu candidatar-se como independente sob discordância com a escolha do PSD por Guilherme Emílio, apesar de ter afirmado ter sido convidado pelo anterior autarca em 2023, segundo o jornal Alto Minho. Em Gondomar, Carlos Brás, antigo vereador e deputado socialista, lançou‑se como independente contra o atual presidente da câmara, atraindo críticas do PS distrital que o acusou de “cálculo pessoal” e pediu a sua expulsão.

Também em Mafra, Hugo Moreira Luís, presidente da câmara eleito pelo PSD, anunciou candidatura independente depois de o partido ter escolhido José Bizarro como cabeça de lista. O PSD local retirou-lhe a confiança política e abriu processo disciplinar. O candidato defende que faz parte de um compromisso contínuo com o concelho.

Por fim, em Paços de Ferreira, o ex‑vereador Paulo Sérgio Barbosa regressa à política autárquica como cabeça de lista independente; em Trofa, António Azevedo ousou esse caminho após o PSD local escolher Sérgio Araújo como candidato com 86 % dos votos; e em Vizela, Victor Hugo Salgado avança como independente após a remoção de confiança pelo PS, embora a concelhia mantenha o apoio e o partido não participe nas próximas eleições locais.

Este fenómeno revela-se como expressão de tensões internas nos principais partidos, com atores locais a optarem pela via independente para contornar escolhas internas que os excluíram, mesmo tendo exercido funções de liderança nos respetivos executivos municipais.

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