Massachusetts Institute of Technology: O que impede a eficácia do gestor, e como corrigi-lo

As empresas precisam de cortar custos, permitir que as equipas produzam resultados de forma mais eficaz, e manter os colaboradores envolvidos e satisfeitos, ou arriscam a possibilidade muito real de os perder. Os últimos números relativos aos postos de trabalho mostram que o número de colaboradores que se despedem continua a ultrapassar largamente o número daqueles que são despedidos, com 1,7 vagas para cada desempregado.
Para isto acontecer, as organizações contam com os gestores. Um recente inquérito da Gartner concluiu que a eficácia dos gestores é a principal prioridade dos líderes de RH para o ano de 2023.
Para o novo estudo da RedThread Research, “Managing Better in 2023”, fizemos uma análise profunda aos factores que tornam os gestores mais ou menos bem-sucedidos na orientação das suas equipas. O que descobrimos deve servir como um alerta para as empresas: quando se trata das práticas em que os próprios gestores se envolvem para garantir a eficácia do seu trabalho, pouco mudou nos últimos anos. Mas quando se trata de certas práticas pelas quais as organizações são responsáveis – práticas de apoio aos gestores – houve um declínio acentuado ao longo do último ano.
Inquirimos mais de 700 colaboradores representando uma vasta gama de sectores e perguntámos-lhes sobre a eficácia dos seus gestores e como as coisas têm evoluído dentro das suas organizações. Pedimos aos inquiridos que detalhassem várias práticas importantes em que os gestores se devem envolver. Usando análise de regressão, identificámos então sete práticas que são mais importantes para estimular a eficácia dos gestores.
Quatro destas práticas estão sob o controlo dos próprios gestores: tratar os colaboradores com respeito, gerir conversas difíceis, remover obstáculos à realização do trabalho, e promover ligações dentro da equipa. Perguntámos sobre os primeiros três destes factores num inquérito anterior realizado há um ano, e os números mais recentes são praticamente os mesmos, indicando que os gestores se mantêm globalmente consistentes.
As outras três práticas que afectam a eficácia dos gestores contam uma história diferente, e estas são da competência dos líderes seniores e dos RH: proporcionar clareza sobre o que os colaboradores em toda a empresa precisam de fazer para terem sucesso no futuro, partilhar conhecimentos baseados em dados sobre a motivação de uma equipa, e oferecer oportunidades para se ligarem a coaches de fora da organização.
Quando perguntámos sobre as duas primeiras destas práticas um ano antes, 48% dos colaboradores revelaram que a organização proporcionava clareza, mas esse número caiu agora para 38%. Da mesma forma, enquanto 40% dos colaboradores indicaram receber informações baseadas em dados no ano passado, esse número desceu agora para 33%. A nossa pesquisa descobriu que estes factores são razões críticas pelas quais os colaboradores afirmam que os seus gestores são agora menos eficazes.

MEDIDAS PARA AUMENTAR A EFICÁCIA DOS GESTORES

Durante anos, estudámos estas sete práticas e entrevistámos pessoas a todos os níveis que se destacaram na integração de todas elas na cultura de gestão. Para o nosso último estudo, também entrevistámos uma dúzia de líderes e realizámos uma mesa redonda com outros 15.
Através deste trabalho, descobrimos que três acções-chave podem ajudar as organizações – particularmente os líderes seniores e as equipas de RH – a colmatar lacunas no apoio e a desenvolver gestores mais eficazes.

FORNECER UM MAPA E UM GPS

Os gestores podem ter de guiar as suas equipas por terrenos acidentados e um ambiente de incerteza. Cabe à organização certificar-se de que eles sabem para onde vão. Em algumas empresas, os gestores podem atingir um objectivo de vendas apenas para descobrirem que a organização também queria que eles actualizassem a formação dos membros da sua equipa. Cabe aos líderes de topo deixar sempre claro o que querem que as suas equipas alcancem.
Estabelecer objectivos claros é como criar um mapa. Mas os gestores também precisam de um GPS – dados automaticamente actualizados, atempados e específicos que lhes mostram onde estão. A tecnologia pode fornecer dados – quer seja quantas vendas estão em curso, que colaboradores aprendem que competências, ou como se sentem empenhados nas suas equipas – para ajudar os gestores a avaliar até onde ainda têm de ir.

CRIAR UMA COMUNIDADE

Os gestores podem ser uma fonte crucial de orientação para os seus colaboradores, mas não têm margem de manobra para responder a todas as perguntas ou ensinar-lhes todas as competências. O nosso estudo descobriu que quanto mais os colaboradores se sentem ligados à comunidade dentro da sua organização, mais recorrem uns aos outros para obterem apoio no cumprimento dos seus objectivos e na melhoria do seu trabalho. Isto tem o efeito adicional de ajudar os colaboradores a sentirem-se mais ligados à própria organização. Incentivar a formação dessas ligações pode ser feito por iniciativas como eventos de grupo e treino de pares, por exemplo.
Mas a criação de uma comunidade não é um processo exclusivamente interno. A organização deve apoiar a contratação de coaches e oradores externos que ajudem os membros da equipa a tornarem-se melhores naquilo que fazem. As empresas podem também apoiar os colaboradores que queiram participar em eventos de todo o sector, o que ajuda ao seu desenvolvimento e lhes permite conceber redes de contactos mais fortes.

A TECNOLOGIA SERVE PARA AJUDAR

Muitas organizações não percebem que novas tecnologias estão disponíveis para ajudar a automatizar partes do que se espera que os gestores façam. O nosso estudo concluiu que quanto mais as empresas utilizam estas ferramentas, mais eficazes são os gestores.
Por exemplo, algumas empresas utilizam tecnologia de onboarding que automaticamente envia lembretes aos gestores sobre as suas responsabilidades no recrutamento de novas contratações, convidando-os a enviar um email ou SMS a um novo colaborador para garantir que este recebe tudo do que precisa para se sentir bem recebido e apoiados. Outras ferramentas de automatização podem ajudar a melhorar os ciclos de feedback, agendando horários para o gestor dar feedback a cada colaborador, o que ajuda o gestor a planear com bastante antecedência.
Acolher e oferecer estas tecnologias pode permitir às empresas não só eliminar a pressão imediata sobre os gestores, mas também demonstrar um empenho em ajudá-los a fazer o seu trabalho de forma eficaz.
Os benefícios de tomar estas acções são generalizados. O nosso estudo concluiu que em organizações com gestores altamente eficazes, os colaboradores têm 2,8 vezes mais probabilidades de fornecer resultados positivos líquidos, 2,5 vezes mais probabilidades de descrever a sua empresa como altamente inovadora, e 1,6 vezes mais probabilidades de estarem altamente empenhados.
Como as empresas enfrentam uma economia incerta, capacitar dos gestores para serem mais eficazes irá ajudá-los a ter sucesso na viagem.

Artigo publicado na Revista Executive Digest n.º 203 de Fevereiro de 2023

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