A jornada da cloud
A resiliência das organizações tem sido testada como em nenhuma outra época, uma vez que a pandemia mudou a forma como vivemos, consumimos e trabalhamos. Muitas organizações estão a reimaginar os seus negócios através da migração de sistemas e aplicações para a cloud. Umas pretendem automatizar processos, escalar a capacidade e criar novas oportunidades de crescimento. Outras estão a migrar para poupar custos e aumentar a eficiência. Certo é que os serviços na cloud permitem que as empresas capturem, processem e relacionem quantidades massivas de dados, em tempo real, permitindo novos cálculos e modelos preditivos que podem orientar decisões, oferecer suporte a novos modelos de negócios e aceder a novas linhas de receita. De facto, a pandemia criou um ponto de não retorno que obriga a uma forte necessidade de aceleração da transformação digital e da migração para a cloud, conferindo maior resiliência e confiança, mais agilidade e rapidez, o desenvolvimento de novas experiências e produtos, a par da redução de custos estruturais, factores cruciais para fazer face aos desafios económicos e sociais que a crise gerou.
As últimas estimativas da Canalys, uma empresa de analistas independentes, especialistas em tecnologia, mostram que os serviços de infra-estrutura cloud continuaram com uma alta procura no terceiro trimestre de 2021. Os gastos mundiais aumentaram 35%, para 49,4 mil milhões de dólares, impulsionados por uma série de factores, incluindo trabalho e aprendizagem remotos contínuos, e a utilização crescente de aplicações em cloud específicos dos vários sectores.
O estudo refere que as despesas cresceram 12,9 mil milhões de dólares em relação ao terceiro trimestre de 2020 e 2,4 mil milhões desde o último trimestre (Q2 2021). Os gastos com serviços cloud ainda estão a ser afectados pelos esforços de transformação digital necessários para manter a continuidade dos negócios durante as interrupções relacionadas com a pandemia. Em resposta, os principais fornecedores de serviços cloud enfatizaram a expansão dos data centers geográficos para atender à crescente procura. Mas o impacto da escassez global de chips é iminente, já que os fornecedores de componentes de data center estão com prazos de entrega mais longos e preços mais altos que serão repassados aos maiores fornecedores.
Os hypers-calers mudaram agora o foco para o avanço de portefólios de serviços específicos do sector e o crescimento dos seus canais para trazer com sucesso esses conjuntos cada vez mais diversos de produtos ao mercado. «A procura geral de computa- ção está a crescer em capacidade de fabricação de chips e a expansão da infra-estrutura pode tornar-se limitada para os fornecedores de serviços cloud», explicou, em comunicado, Blake Murray, analista de pesquisa da Canalys. «Além de gerir as ca- deias de valor com o melhor das suas competências, os fornecedores que constroem uma vantagem estão focados no desenvolvimento dos seus canais de entrada no mercado, assim como dos seus portefólios de produtos, para acompanhar uma variedade cada vez maior de casos de uso de clientes que alimentou a procura desde o início da pandemia.» De acordo com a Canalys, no terceiro trimestre de 2021, a AWS, a Micro- soft Azure e a Google Cloud representaram, em conjunto, 61% dos gastos feitos na cloud em todo o mundo. A Amazon Web Services (AWS) respondeu por 32% do total de gastos com serviços de infra-estrutura cloud no terceiro trimestre de 2021, tornando-se o fornecedor líder de serviços em nuvem, com um crescimento de 39% ao ano.
A AWS anunciou recen- temente o AWS for Health, que com- bina ofertas específicas do sector com soluções de conformidade e segurança cibernética, tendo tido sucesso no sector público, conquistando negócios importantes com os governos dos Estados Unidos e do Reino Unido. Também liderou o desenvolvimento de canais através dos seus programas de competência, tornando a sua competência governamental voltada para a indústria entre os seus parceiros. O Microsoft Azure foi o segundo maior fornecedor de serviços cloud no terceiro trimestre, com uma participação de mercado de 21%. A empresa cresceu mais de 50% pelo quinto trimestre consecutivo. A Microsoft continuou a concentrar-se nas personalizações do serviço de cloud da indústria e nos recursos expandidos nos serviços financeiros e manufactura. A Microsoft também relatou o sucesso de novos clientes nas suas suítes de serviços em nuvem para a saúde e sustentabilidade. A Micro- soft trabalhou na sua posição em torno do governance de dados e também anunciou o Azure Purview, uma solução de dados unificada projectada para oferecer suporte à gestão de da- dos em ambientes com várias cloud. A Google Cloud foi o terceiro maior fornecedor e cresceu 54% para representar 8% do mercado. A empresa anunciou 20 parcerias de tecnologia expandidas com empresas de dados e segurança cibernética para aprofundar a experiência vertical. Enfatizou também os seus parceiros de canal e lançou novos incentivos no seu Programa de Parceria.
A empresa anunciou um aumento de 175% no engagement do cliente, através de parceiros durante o primeiro semestre de 2021. A Google Cloud também avançou no seu posicionamento em torno da soberania dos dados com o lançamento do Google Distributed Cloud, que oferece aos clientes opções para estender a infra-estrutura do Google Cloud até os data centers de ponta e de cliente. «A cloud emergiu como vencedora em todos os sectores, basicamente desde o início da pandemia e a implementação dos lockdowns. As organizações dependiam de serviços digitais e de estar online para manter as operações e se adaptarem à situação que se desenrolava», acrescentou Blake Murray. Embora 2020 tenha visto gastos em infra-estrutura cloud em grande escala, a maioria das car- gas de trabalho corporativas ainda não fez a transição para a cloud. «Os gastos com migração e cloud vão continuar à medida que a confiança do cliente aumenta. Grandes projectos que foram adiados no ano passado vão ressurgir, enquanto novos use cases vão expandir o mercado endereçável», concluiu o especialista.