A economia portuguesa deverá manter um crescimento estável nos próximos dois anos, superando a média da Zona Euro, segundo o mais recente relatório European Economic Outlook da KPMG.
As projeções apontam para uma expansão do PIB nacional de 1,9% em 2025 e 2,1% em 2026, face a 1,2% e 1,0% esperados para o conjunto da Zona Euro.
De acordo com o estudo, o crescimento do rendimento em Portugal continuará a ser sustentado por um mercado de trabalho forte e por alterações fiscais pontuais, nomeadamente ao nível do imposto sobre o rendimento e das pensões, que deverão apoiar o consumo. A KPMG destaca ainda que uma aceleração na utilização dos fundos da União Europeia poderá reforçar a dinâmica económica ao longo do próximo ano.
De acordo com Miguel Afonso, Partner Head of Clients and Markets na KPMG Portugal “o crescimento económico de Portugal é sustentado por um mercado de trabalho resiliente e pelo impacto das medidas fiscais, mas a capacidade de desbloquear os fundos da UE será fundamental para manter a dinâmica.”
A consultora antecipa também que a inflação da Zona Euro caia abaixo da meta de 2% do BCE até ao final de 2025, cenário que poderá abrir espaço para mais uma descida das taxas de juro. Ainda assim, a confiança dos consumidores permanece em níveis historicamente baixos, o que poderá limitar o impacto positivo de juros mais baixos e mercados laborais sólidos.
Europa enfrenta crescimento anémico e desafios de competitividade
O relatório alerta que, embora a inflação esteja a abrandar, os bancos centrais europeus deverão estar perto do fim do ciclo de cortes de taxas de juro, prevendo-se apenas mais uma redução, tanto pelo Banco Central Europeu como pelos bancos centrais da Suécia e da Suíça.
No entanto, a combinação de mercados de trabalho fortes e taxas mais baixas pode não ser suficiente para impulsionar o consumo, dada a baixa confiança das famílias e as taxas de poupança elevadas. Assim, parte do apoio ao crescimento poderá vir da despesa pública, com maior foco em investimento e defesa, embora a consolidação orçamental se mantenha uma prioridade a médio prazo.
Fundos europeus e impacto das tarifas comerciais
Com o atual quadro financeiro plurianual da União Europeia a aproximar-se do fim, a KPMG prevê uma aceleração da execução dos fundos comunitários em 2025 e 2026, sobretudo em Portugal, Espanha e Itália.
O relatório alerta ainda que as novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos poderão reduzir o PIB da União Europeia em até 1% até 2026. No caso português, o impacto estimado é mais moderado (-0,7%), refletindo uma menor exposição direta ao mercado norte-americano.
No conjunto, a KPMG considera que Portugal deverá continuar a destacar-se pela resiliência e execução dos fundos europeus, num contexto europeu de crescimento limitado. Contudo, reforçar o investimento em produtividade, inovação e competitividade será crucial para transformar a atual estabilidade em crescimento sustentável.














