Qual o papel do Fórum Oceano no contexto da economia azul em Portugal?
Enquanto responsável pelo cluster da economia do mar e associação de matriz empresarial com mais de 160 associados, o Fórum Oceano tem marcado a sua ação com um triplo objetivo: contribuir para a descarbonização da economia do mar, intensificar a sua digitalização e reforçar o uso dual (civil e militar) do espaço marítimo promovendo a coexistência dos distintos stakeholders assente num aprofundamento da rede de parcerias e cooperação internacional. Trata-se de três vetores essenciais à competitividade do setor e das suas distintas fileiras.
Do vosso ponto de vista, quais são atualmente os setores mais promissores desta economia em Portugal?
Todos os setores contam. Contudo, além dos pesos pesados tradicionais, pescas, portos e shipping, que pela sua dimensão dispõem de maiores alternativas e capacidade de desenvolvimento, temos tido a preocupação de promover o desenvolvimento de áreas novas. Das as à biologia e biotecnologia submarinas; da conservação e regeneração oceânica à gestão da água; do turismo à construção e reparação navais, tendo presente a preocupação de desenvolvimento das capacidades endógenas e do potencial nacional de atração de investimento estrangeiro e de aumento das exportações. Tal como sucede nas atividades onshore, compostas em mais de 99% por PME, também no offshore é crescente a importância das empresas de menor dimensão. E são essas que mais necessitam de apoio.

Existem incentivos concretos para apoiar empresas que operem com base em modelos de economia circular azul?
Os incentivos são os que resultam dos distintos programas nacionais e europeus, designadamente no quadro do Plano de Recuperação e Resiliência 8PRR), que importa aproveitar, bem como da disponibilidade de financiamento competitivo, por exemplo através do Banco Europeu de Investimento (BEI). Em todo o caso, para bons projetos não falta financiamento. No Fórum Oceano (na rede Hub Azul do PRR), o Hub Azul Deal Room, identificámos mais de 1700 projetos à procura de financiamento, seja nas fases de I&D, entrada em mercado, aceleração ou scale-up. É esse um dos nossos focos.
Onde vê maiores oportunidades de investimento nos próximos cinco anos? E como pode a economia azul contribuir para o PIB nacional?
Apesar do peso assimétrico das diferentes fileiras, onde se destacam o turismo e, como referido, as pescas, portos e shipping, estimamos o contributo da economia do mar no PIB nacional em cerca de 5%, embora com um enorme potencial de crescimento. As entidades representadas no Fórum Oceano geram um volume de negócios superior a cinco mil milhões de euros sustentando cerca de 13 mil postos de trabalho. Mas se olharmos a nível global, se a economia do mar fosse um país, seria, segundo a OCDE, a 5.ª maior economia do mundo, tendo duplicado o seu valor neste século. Nesta perspetiva, a dimensão marítima é uma alavanca inquestionável para um relevante salto de dimensão da economia portuguesa.
Qual é a relação do Fórum Oceano com as autoridades públicas?
Qualifico de elevado nível as relações institucionais existentes em geral com as autoridades, da administração central, regional ou local, bem como do setor empresarial público, de que é exemplo o Banco de Fomento. E do Fórum Oceano as entidades públicas contam igualmente com o compromisso de parceria estratégica que nestas matérias deve nortear a defesa dos interesses do setor e do País.













