
Dinamarca inaugura primeiro local de captura e armazenamento de CO2 transfronteiriço do mundo
A Dinamarca inaugurou esta quarta-feira o Projeto Greensand, o primeiro local de captura e armazenamento transfronteiriço de CO2 do mundo – o CO2 chega da Bélgica e é injetado num campo de petróleo esgotado sob o Mar do Norte dinamarquês.
O projeto visa armazenar com segurança, e de forma permanente, até 8 milhões de toneladas de CO2 todos os anos até 2030, o que equivale a 40% da meta de redução de emissões da Dinamarca e mais de 10% das emissões anuais do país.
Na cerimónia de abertura, Von der Leyen sublinhou que o projeto marca “a sustentabilidade competitiva da Europa”. “Estão a mostrar que pode ser feito. Que podemos fazer a nossa indústria crescer através da inovação e da competição e ao mesmo tempo remover as emissões de carbono da atmosfera através do engenho e da cooperação”, sustentou a presidente da Comissão Europeia.
O projeto marca um avanço na captura de carbono, através da captura de CO2 de um país e injetando-o noutro”, explicou Brian Gilvary, da INEOS energy, uma das 23 organizações que administram o Project Greensand. Para o responsável, a transição energética exigirá a captura e armazenamento de carbono “como um alicerce” para atingir as metas climáticas mundiais. “É impossível para a indústria ou para o planeta chegar [ao zero líquido até 2050] sem captura de carbono. Portanto, é absolutamente parte integrante do que faremos daqui para frente”, reforçou.
A Europa olha cada vez mais para as tecnologias de captura e armazenamento de carbono como uma forma de alcançar emissões líquidas zero até 2050 – isso significa que quaisquer emissões lançadas na atmosfera terão de ser compensadas por uma remoção equivalente.
“A ciência é clara. A remoção de carbono industrial é uma parte necessária da nossa caixa de ferramentas climáticas”, referiu Von der Leyen, que considerou o Projeto Greensand “um passo significativo em direção à neutralidade de carbono na Europa”.
Segundo estimativas da Comissão Europeia, a UE vai precisar de armazenar pelo menos 300 milhões de toneladas de CO2 todos os anos até 2050 para atingir o objetivo climático. No âmbito do Fundo de Inovação da UE, 24 projetos de descarbonização industrial já receberam 2,8 mil milhões de euros.
Espera-se que o Mar do Norte, que tem muitos poços de petróleo e gás esgotados, seja um centro de captura e armazenamento de carbono, com empreendimentos semelhantes ao Projeto Greensand já em andamento na Noruega. “Isso mostra mais uma vez que o Mar do Norte está a desempenhar um papel cada vez mais crucial no futuro líquido zero da Europa”, garantiu Von der Leyen.
Mas ainda é pouco: segundo Gilvary, os 16 projetos europeus, atualmente em vários estágios de desenvolvimento, representam apenas cerca de um quinto do que é necessário.