‘Dia seguinte’ da guerra em Gaza motiva choque público entre Netanyahu e ministro da Defesa de Israel

Yoav Gallant lembrou ao primeiro-ministro a necessidade urgente de uma “alternativa palestiniana local não hostil” a Israel

Francisco Laranjeira
Maio 16, 2024
16:07

O dia seguinte ao conflito em Gaza motivou um confronto público entre o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ministro da Defesa, Yoav Gallant, que lançou um ataque ao chefe de Governo e partido (Likud).

“O Hamas já não funciona como uma organização militar. A maioria dos seus batalhões foi desmantelada e recorreu à guerra terrorista, levada a cada individualmente e por pequenos esquadrões”, refere Gallant, num discurso em que lembrou a Netanyahu a necessidade urgente de uma “alternativa palestiniana local não hostil”.

“Enquanto o Hamas mantiver o controlo da vida civil em Gaza, poderá reconstruir-se e fortalecer-se, exigindo que as Forças de Defesa de Israel regressem e lutem nas áreas onda já operam”, precisa o ministro, alertando que, na ausência de tal alternativa, aguardam-no duas opções “negativas”, às quais se opõe fortemente: um Governo do Hamas ou uma administração militar israelita.

“Desde outubro que tenho levantado constantemente esta questão e não recebi resposta. O fim da campanha militar deve ser acompanhado da ação política. O dia seguinte ao Hamas só será alcançado se as entidades palestinianas, acompanhadas por atores internacionais, assumirem o controlo de Gaza estabelecendo uma alternativa ao Governo do Hamas Isto, acima de tudo, é um interesse de Israel”, declara Gallant.

“Apelo ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para que tome uma decisão e declare que Israel não estabelecerá um controlo civil ou um Governo militar na Faixa de Gaza e que uma alternativa ao Hamas será imediatamente promovida”, disse Gallant, que até insinuou motivações políticas: “Devemos tomar decisões difíceis para o futuro do nosso país, privilegiando as prioridades nacionais, acima de outras considerações possíveis, mesmo com a possibilidade de custos pessoais ou políticos.”

Benjamin Netanyahu já respondeu ao seu ministro. “Desde o terrível massacre de 7 de outubro, ordenei o fim do Hamas e os soldados estão a lutar por isso. Enquanto o Hamas permanecer de pé, nenhum outro ator quererá entrar e assumir o controlo civil de Gaza”, refere o primeiro-ministro, garantindo que nenhum palestiniano ousará assumir o controlo por medo de ser morto pelos islamistas.

“A primeira condição para preparar o terreno para outro ator é eliminar o Hamas e fazê-lo sem pretextos”, acrescenta, numa crítica a Gallant.

Também o líder do Hamas, Ismail Haniyah, respondeu aos dois sobre como deveria ser o dia seguinte. “O Hamas, juntamente com as outras fações palestinianas, decidirá como a faixa será administrada depois da guerra e com base nos interesses do nosso povo”, afirma, depois de culpar Israel por “levar as negociações a um beco” e assim “continuar os assassinatos em massa”.

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