Depois de uma paragem, pode a Fed voltar a subir hoje as taxas de juro? Analistas explicam

Depois de uma pausa na subida das taxas de juro na reunião do passado mês de junho, a Reserva Federal norte-americana deve retomar uma postura hawkish e avançar para mais uma subida, esperam os especialistas.

André Manuel Mendes
Julho 26, 2023
6:45

Depois de uma pausa na subida das taxas de juro na reunião do passado mês de junho, a Reserva Federal norte-americana deve retomar uma postura hawkish e avançar para mais uma subida, esperam os especialistas.

Na última reunião, em junho, e depois de dez subidas consecutivas, o banco central norte-americano manteve a taxa de juro de referência, no intervalo entre 5% e 5,25%.

“A Reserva Federal irá com certeza subir as taxas de juro uma última vez, adicionando 25 pontos-base, no que será a última subida deste ciclo. Nos EUA, a inflação de junho surpreendeu em baixa, parecendo assim ter sido atingido o objetivo da Fed, que era controlar a inflação sem crashar a economia”, aponta Ricardo Evangelista, Analista Sénior da ActivTrades.

Nuno Mello, analista da XTB, explica que a ferramenta da CME FedWatch indica que um aumento da taxa de 25 pontos base (pb) pela Reserva Federal (Fed) na reunião desta semana, já se encontra totalmente descontado no mercado.

No entanto, sublinha, “as expectativas para as taxas estão a ser avaliadas para uma pausa prolongada nas taxas após julho, o que ainda contrasta com as opiniões dos decisores políticos da Fed. Os responsáveis pela política monetária da Reserva Federal já tinham indicado um aperto cumulativo de 50 pontos base até ao final deste ano”.

Também David Brito, Diretor-Geral da Ebury, acredita numa nova subida de 25 pontos-base na reunião desta quarta-feira, “A opinião é praticamente unânime, espera-se que ambos aumentem a taxa de juro em 25 pontos base. No entanto, estima-se que a Fed comunique uma pausa”.

“Tendo em conta as surpresas negativas registadas ultimamente na inflação dos EUA, os participantes no mercado estarão atentos à forma como a Reserva Federal poderá abordar esta questão, embora seja provável que a Reserva mantenha a sua posição dependente dos dados e mantenha o seu tom firme de que a luta contra a inflação nos EUA ainda não terminou”, explica Nuno Mello.

O analista acrescenta que, se a declaração de política monetária for hawkish, poderemos assistir a quedas no mercado acionista. Caso contrário, se a Fed enaltecer o caminho descendente que se tem verificado na inflação, poderemos assistir à continuação do sentimento de risco que tem marcado as últimas sessões.

Ricardo Evangelista acredita que a “Fed feche este ciclo com a subida de Julho. No entanto, tão-pouco se esperam cortes até ao fim do ano”.

 

O que esperar até ao final do ano?

Nuno Mello acredita que ainda iremos assistir a mais uma subida de 25 pontos-base na reunião de setembro.

“Relativamente à Fed, sou da opinião de que veremos ainda mais um aumento da taxa de juro este ano, além do desta semana, elevando a taxa para os 5,50 a 5,75. A inflação subjacente continua teimosamente elevada, motivada por um mercado de trabalho ainda muito forte e por uma acentuada flexibilização das condições financeiras. O mercado desistiu de esperar cortes nas taxas antes do Natal e, portanto, poderemos esperar por uma pausa nas subidas no último trimestre do ano”, termina.

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