Num período marcado por uma alta nas taxas de juro, marcada por uma política monetária dura do Banco Central Europeu (BCE) para combater a inflação na Zona Euro, os cidadãos procuram novas soluções de financiamento para conseguirem comprar casa, com a taxa mista a ganhar preponderância.
De acordo com o relatório trimestral do idealista/créditohabitação em Portugal, os créditos habitação contratados a taxa mista, que combina uma taxa de juro fixa durante os primeiros anos e uma taxa variável para o restante prazo, apresentou um “crescimento significativo durante 2022”.
Esta modalidade de financiamento alcançou 25% do total de créditos habitação formalizados no segundo trimestre de 2023, um salto significativo tendo em conta que, um ano antes, este valor estava a menos de metade, nos 12%.
Apesar de as taxas variáveis e indexadas à Euribor continuarem a ser as mais contratadas, têm vindo a perder peso no crédito total, tendo representado 61% no segundo trimestre de 2023, uma quebra em comparação aos 72% registados um ano antes.
Os dados mostram que o que se mantém estável são os tipos de créditos habitação mais procurados pelas famílias, sendo que a aquisição da primeira habitação continua a representar a maioria do montante contratualizado (54,5%) no segundo trimestre de 2023 – muito embora o financiamento dado a não residentes tenha representado 23,4% dos casos, a compra de segunda habitação 11,7% e as transferências 7,8%.
Além disso continua a assistir-se a uma predominância da concessão de créditos habitação por montantes inferiores a 200 mil euros, que representam 85,7% do total, sendo que só 9,1% dos contratos intermediados pelo idealista/créditohabitação estão na faixa entre 200 mil e 300 mil euros, e apenas 5,2% entre 300 mil e 400 mil euros.
O relatório sublinha ainda outras alterações inerentes ao aumento das taxas de juro. De acordo com os dados, compram-se agora casas mais baratas, sendo que o preço médio de compra de casa no segundo trimestre de 2023 foi de 208.661 euros, menos 15% face ao mesmo período de 2022, onde se cifrou nos 244.646 euros.
Para além disso, o Valor contratualizado no empréstimo da casa desceu, com o valor médio dos créditos habitação formalizados foi de 140.138 euros no segundo semestre deste ano, um valor 21% inferior ao registado um ano antes.
Também se registou um aumento no montante das entradas dos créditos neste período. A percentagem de financiamentos entre 80% e 90% do valor da casa desceu face ao mesmo período do ano passado e as faixas de financiamento mais baixas têm ganhado terreno, o que pressupõe que as famílias avançam com mais capital de entrada para comprar casa.
Recorde-se que em abril de 2021 o Banco de Portugal adotou uma medida macroprudencial que colocou novos prazos de concessão dos empréstimos consoante as idades, com o propósito de convergir a maturidade média dos novos contratos de crédito habitação para 30 anos.













