Itália vive por estes dias um cocktail verdadeiramente explosivo, mas que se vinha a adivinhar nas últimas semanas: a temperaturas recorde, de acima de 40ºC e muitas regiões, juntou-se o tempo seco e o vento, levando a que os incêndios, que lavram na Sicília, se juntassem numa grande frente de fogo.
Palermo tem os céus enegrecidos pelo fumo desde 24 de julho, e foi nas montanhas que circulam a cidade que se encontraram as primeiras vítimas mortais: foram resgatados dois corpos carbonizados.
De acordo com os serviços de resgate, tratar-se-á de um casal de idosos, com cerca de 70 anos de idade. As chamas continuavam esta quarta-feira a avançar sem tréguas, levando a cortar três trocos de autoestrada e outras vias que ligam Palermo a Mazara del Vallo, e até ao aeroporto.
Chegou a estar encerrado, mas à última hora acabou por abrir, para garantir o tráfego aéreo. Afinal, turismo é turismo… E o aeroporto de Catânia já esteve encerrado na semana passada, também devido a um incêndio.
O nível de alerta de incêndios permanece alto também nas regiões vizinhas de Trapani e Messina. No total até ontem, realizaram-se 336 operações de resgate e salvamento, com 147 ainda em decurso.
Um parque de campismo teve de ser evacuado durante a noite. As temperaturas perto das chamas ultrapassam os 46ºC. Os cabos elétricos derretem com o calor e caem em farripas pelo asfalto. A cidade de Catânia ficou sem eletricidade ou água durante 48 horas.
Perante o cenário de terror, o presidente daquela região italiana, Renato Schifani, pediu ao Governo de Giorgia Meloni que decrete o Estado de Emergência na Sicília.
“A situação em toda a região continua a ser muito difícil, também devido às condições meteorológicas que complicam ainda mais o trabalho de quem combate as chamas. A chefe do departamento nacional de bombeiros, deu-me o compromisso de trazer equipas adicionais de outras regiões, que já estão ao serviço na Sicília, empenhadas nas várias frentes de fogo que afetam todo o território”, indicou o responsável regional.
A Agência Sanitária de Palermo avisa a população, especialmente os mais idosos e com sistema imunitário debilitado, para que evitem sair de casa, “exceto nos casos estritamente necessários”.
As autoridades italianas já pediram à UE para investir mais e ajudar com equipamento de combate aos incêndios e apelaram para a necessidade urgente de “reforçar a frota de Canadairs disponível”.
Até ao momento, já 120 famílias (mais de 1500 pessoas) tiveram de abandonar as suas casas, ameaçadas pelo fogo. A situação era, esta tarde, “difícil”, mas estava “sob controlo” dos bombeiros.
De acordo com o presidente da câmara de Palermo, Roberto Lagalla, já decorrem investigações aos casos de incêndio, que terão na sua maioria mão criminosa. “è uma pluralidade de focos de incêndio, como nos últimos dias, e só podem ser, em muitos caos, de origem maliciosa”, considerou.














